Total de visualizações de página

22 de jul. de 2008

Foz do rio Amazonas: eficiente dreno de carbono atmosférico

Divulgação na revista inglesa New Scientist mostra resultado de pesquisa por oceanógrafo norte-americano demonstrando a grande importância do fitoplâncton do oceano Atlântico na captação de carbono atmosférico. Veja o verbete FONTE e DRENO, extraído do Glossário de Ecologia e Ciências Ambientais (Autor: Breno Machado Grisi; 3a.ed., 4a.impressão, 2008) e entenda o por quê deste potencial do rio Amazonas para a redução do aquecimento global:
FONTE E DRENO (ou CAPTOR)
Referem-se estes termos respectivamente, ao componente ambiental de onde se origina um nutriente (ou elemento químico participante da biogeociclagem) e ao componente que absorve ou fixa tal nutriente (tirando-o momentaneamente do processo de ciclagem).
As florestas, ao tempo em que atuam como dreno ou captor de carbono, absorvendo-o da atmosfera e fixando-o na sua fitomassa, elas também atuam como fonte, uma vez que emitem carbono a partir de sua respiração. Além disso, a queima de uma floresta representa uma grande fonte de carbono e outros gases do efeito estufa. Seu manejo adequado, com replantios constantes, é uma garantia de que uma floresta atue mais como dreno ou captor de carbono do que fonte; além de ser uma grande fonte de oxigênio, quando em crescimento.
Pesquisas recentes divulgadas em New Scientist (www.newscientist.co.uk) mostraram que “explosão estacional” de fitoplâncton do oceano Atlântico quando fertilizado pelo rio Amazonas, constitui-se em dreno altamente eficiente de carbono da atmosfera. As pesquisas foram realizadas na foz do Amazonas. O fitoplâncton mostrou-se ser ainda, grande fixador de nitrogênio da atmosfera, enriquecendo assim a água oceânica. Esta forma de armazenamento é muito eficiente pelo fato de que os principais organismos fotossintetizadores são diatomáceas, que têm proteção externa silicosa, fazendo com que após sua morte, elas afundem, levando consigo cerca de 20 milhões de megagramas (ou toneladas) de carbono por ano (segundo estimativa dos pesquisadores). É possível que na foz de outros grandes rios, como o Congo e o Orinoco, possa também existir tal eficiente dreno de carbono.

12 de jul. de 2008

ESTAÇÃO CIÊNCIA: INICIATIVA CERTA EM LOCAL ERRADO!!!




Quem sou eu para não apoiar uma iniciativa pró-ciência?! Na juventude, eu procurava conhecer tudo sobre ciência que me chegasse ao alcance dos olhos e ouvidos (filmes e notícias de rádio e um pouquinho mais tarde, pela TV) e ao alcance do bolso (até em Seleções do Reader’s Digest!); e algumas vezes filava leituras nas revistas americanas Times e Newsweek. Optei na graduação e pós-graduação em buscar conhecimentos em ecologia. O governo brasileiro, mais precisamente, o povo brasileiro, investiu muito recurso na minha formação científica, feita no sul do Brasil e no exterior. Ciência, tornou-se a essência da minha atividade profissional. Somente no doutorado, já com 35 anos de idade, pude conhecer um local onde se vê, se sente, se vive um ambiente científico, disponível à visitação pública (um sonho em minha juventude!); foi nos Museu Britânico e Museu de História Natural, ambos em Londres.
Sempre tive a consciência de que era meu dever proporcionar retôrno à sociedade; pesquisando sobre nossos ambientes, ensinando e participando da formação de bons profissionais e, desejavelmente, participando de ações em questões ambientais relevantes. Mas, entre o que deveria ser feito e o que é realizado de fato, existe o nó górdio: governantes e políticos. Os desencontros foram tantos, que desisti de continuar realizando estudos de impactos ambientais, onde no final, eu somente servia para legitimar as ações desejadas pelos empreendedores! Muitas delas maléficas à Natureza. Mas sempre continuei à disposição para discutir ações que governos intencionassem perpetrar. Aliás, é um direito de qualquer cidadão participar de discussões sobre projetos em sua cidade.
Disso tudo, tiro algumas conclusões práticas sobre a implantação e construção de uma Estação Ciência, aqui em João Pessoa. LOUVÁVEL a iniciativa de uma obra desse porte. REPROVÁVEL o local específico escolhido para sua construção. Não me compete discutir aspectos relativos à prioridade (ou não) de cunho sócio-econômico, custo-benefício e outros...Nem tampouco sobre a exposição do equipamento ali instalado aos efeitos dos aerossóis marinhos (os borrifos, a maresia), pela grande proximidade à linha costeira e ausência de vegetação protetora (a restinga). A falésia do Cabo Branco, da formação Barreiras (costeira, terciária), de arenitos friáveis, caracteriza-se como área que, num critério ecológico passível de interferência humana receberia um sinal “vermelho”: nenhuma interferência humana deve aí ocorrer. Até algumas dezenas de metros adentrando o continente, o sinal seria “amarelo”: não é aconselhável interferência. Somente após os 100 m surgiria o sinal “verde”: apropriado a alguns tipos de interferência. O local onde foi construída a Estação Ciência situa-se na interface “vermelho-amarelo”, local este que encanta governantes e atrai turistas. Este último, infelizmente, critério prioritário de julgamento. Acrescentem-se nas interferências, as vias de acesso e o movimento para ali atraído. Alguns efeitos negativos: trepidação, aumento de fluxo de água pluvial e sua condução nem sempre perfeita, subtração de vegetação natural (redutora de impactos e fixadora do solo).
Há mais de duas décadas que observo e fotografo a falésia do Cabo Branco, que dizem estar sendo destruída peolo avanço do mar. Ledo engano! Há sinais de que a destruição vem ocorrendo de cima p’ra baixo! No sopé da barreira, atingida pelo mar, a Natureza se recompõe. Se dermos “uma mãozinha” a esse fenômeno natural, a falésia será preservada. Mas no topo dela, o homem vem comprometendo sua sustentação. As fotos acima ilustram os fatos: todas as fotos mostram que no sopé da barreira, a existência de rochas e ajuntamento de areia proporcionaram um ambiente propício ao aparecimento de vegetação natural, resistindo à ação do mar; a deposição de areia resulta do desmoronamento no topo da barreira (onde passa uma via asfaltada com trânsito de veículos); a foto inferior na direita foi tirada exatamente na altura da localização do farol, onde os turistas param para observar a paisagem. São fatos ou serão só argumentos?!
De qualquer forma, é uma lástima que no nosso meio, iniciativa tão relevante não seja precedida por discussão de mesmo porte!!!
Breno Grisi (ecólogo)

6 de jul. de 2008

AQUECIMENTO GLOBAL: ESTÁ CADA VEZ MAIS COMPLICADO!!!

[BILINGÜE]
New Scientist, 02/julho/2008
INGLÊS: TV boom may boost greenhouse effect
PORTUGUÊS: Incremento [na fabricação] de TV [tela plana] pode elevar o efeito estufa
INGL.: An industrial chemical being used in ever larger quantities to make flat-screen TVs may be making global warming worse. However, because it's not covered by the Kyoto protocol, nobody knows by how much.
PORT.: Um produto químico industrializado que está sendo usado em quantidades cada vez maiores para fabricar TVs com tela plana pode piorar o efeito global. Entretanto, por não ter sido contemplado pelo protocolo de Kyoto, ninguém sabe o quanto ele contribui.
INGL.: The gas is nitrogen trifluoride (NF3). As a greenhouse gas it is 17,000 times as potent as carbon dioxide, molecule-for-molecule, yet is not covered by Kyoto because it was made in tiny amounts when the protocol was agreed in 1997.
PORT.: O gas é o trifluoreto de nitrogênio (NF3). Como gas do efeito estufa ele é 17.000 vezes mais potente do que o dióxido de carbono, molécula-a-molécula, mas ainda não foi contemplado por Kyoto porque ele ainda era produzido em quantidades diminutas por ocasião do acordo em 1997.
INGL.: Even today, no one is measuring how much reaches the atmosphere. The one certainty is that it is accumulating. In a new study, Michael Prather of the University of California, Irvine, calculates that it has a half-life in the atmosphere of 550 years.
PORT.: Mesmo hoje, ninguém está medindo quanto alcança a atmosfera. A única certeza é que ele está se acumulando. Em novo estudo, Michael Prather da Universidade da California, em Irvine, calcula que ele tem meia-vida na atmosfera de 550 anos.