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17 de mai. de 2009

SUPERPOPULAÇÃO: COMPROMETE A SUSTENTABILIDADE???


"Optimum Population Trust"
"Towards environmentally sustainable populations"
6.836.207.421
6.836.278.034

Os números que vemos acima foram registrados a partir do “tic-tac” do Relógio da População Mundial: o primeiro foi registrado às 10 horas e oito minutos, na manhã deste domingo, 17 de maio de 2009; e o segundo, ainda no domingo, mas às 17 horas e 26 minutos. Esta contagem refere-se ao crescimento da população humana no nosso planeta, sendo mostrada em tempo real no site http://www.optimumpopulation.org/. Este é mantido pela “Optimum Population Trust” “towards environmentally sustainable populations”, que significa literalmente, Fundação da População Ótima, direcionada a populações ambientalmente sustentáveis. A velocidade com que os números aumentam impressiona tanto quanto a velocidade com que nos deparamos diariamente com os problemas mundiais. Acrescentem-se aos problemas da rotina diária mundial da luta pela sobrevivência, os impactos ambientais (os “acidentes de percurso”) que nos acostumamos a chamar de tragédias: secas, tempestades de neve, chuvas torrenciais, enchentes, terremotos, incêndios em florestas, furacões etc. E no meio dos eventos geoclimáticos, o ser humano que “quando escapa com vida de tais tragédias”, corre o risco cada vez maior de morrer de fome ou como vítima da assistência precária de governos para amenizar seu sofrimento. Pelo menos é isso que acontece com a maioria, pobre. Fatos estes aos quais também nos acostumamos. Isto sem falar da má qualidade de vida, que a cada dia atinge parcelas maiores da população mundial.
Nossos recursos naturais (a fonte de vida do planeta) estão sendo consumidos em taxas que vêm se tornando difícil serem mantidas nos “níveis sustentáveis”. O consumo dos recursos aumenta nas classes sociais de maior poder aquisitivo. A parte melhor desses recursos: para os ricos. A sobra: para pobres e miseráveis. A má distribuição de renda e o aumento no número de pessoas ditas pobres (se não miseráveis), que consomem apenas um mínimo, formam o quadro geral da dificuldade em se manter a sustentabilidade com boa qualidade de vida (é bom não esquecermos!). Um paradoxo: estatísticas mundiais revelam que as taxas de natalidade vêm caindo espontaneamente. Estima-se que dois terços dos casais nos países em desenvolvimento utilizam controle de natalidade. Bangladesh e Irã são exemplos de que se for dada oportunidade às pessoas, estas terão menos filhos. Ações coercivas de controle da natalidade, como a praticada na China, em que as pessoas são pagas para não terem filhos, vêm sendo abandonadas devido a resultados duvidosos e por gerarem conseqüências trágicas (um exemplo: bebês do sexo feminino abandonados por representarem “prejuízos como força de trabalho”).
Segundo a especialista Debora Mackenzie, consultora da revista inglesa New Scientist, na Ásia e América Latina cada mulher gera, em média, 2,5 bebês. A maioria das mulheres afirma que gostaria de ter menos filhos. Um em cada cinco nascimentos e 36 milhões de abortos nos países em desenvolvimento não aconteceriam se às mulheres fosse dada a chance para que tal não acontecesse.
A ONU prevê que no ano 2050 a população mundial atingirá 9,2 bilhões. Mesmo que cada mulher venha a gerar a partir de agora, apenas duas crianças, a população mundial será de 8,5 bilhões. Um excesso às condições de sustentabilidade com boa qualidade de vida. Em alguns países, como na África, calamidades como a AIDS têm levado famílias a aumentarem sua prole, uma vez que mais filhos significam compensação pelas que morreram e maior ajuda na sobrevivência no campo. SE as meninas de países em desenvolvimento tivessem maior e melhor acesso à educação, é bem possível que os excessos de nascimentos pudessem ser controlados; ou seja, meninas teriam a oportunidade de entender melhor seu papel na sociedade, igualando-se à força de trabalho masculina, não gerando filhos precocemente (no início da puberdade, como muito acontece hoje) e gerando menos filhos. Quisera Deus que tal acontecesse na África, Ásia e América Latina!!!
O órgão das Nações Unidas “UNFPA” (Fundo das Nações Unidas para a População) prevê que alimento e água são temas críticos para os países em desenvolvimento, devido principalmente à pobreza, instabilidade política, e ineficiência econômica e desigualdade social. Especialmente para os países subsaarianos. A “FAO – Food and Agricultural Organization” (organização para alimentos, também ligada à ONU) prevê que até 2020 a produção de alimentos tenha que duplicar para atender à crescente população mundial.
Educação, planejamento familiar, além de distribuição mais justa da renda, em suma, justiça social, são pontos essenciais para se começar a pensar em controle populacional humano. Enquanto isso não acontece, a observância aos outros aspectos fundamentais da sustentabilidade, como a capacidade suporte dos ecossistemas, deve ser praticada. Antes que seja tarde!

13 de mai. de 2009

AQUECIMENTO GLOBAL E SAÚDE

Em sua edição eletrônica de março/2009, a revista norte-americana “Scientific American Earth 3.0” (assim denominada), divulga artigo da Dra. Katherine Shea, Prof. Adjunto de saúde materna e da criança, da Universidade da Carolina do Norte, sob o título “Global Warming and your Health” (Aquecimento Global e sua Saúde). Este assunto, segundo a própria autora, é “uma ladainha dos impactos diretos associados à mudança global”. Esta autora trata sobre a incidência de asma e alergias, ambas ligadas a problemas respiratórios. Associar aquecimento global a doenças torna-se necessário considerar os seguintes ângulos de abordagem: (i) prevalência de doenças como essas estudadas por SHEA, asma e alergias respiratórias, e (ii) disseminação de doenças infecciosas, como foi abordado por “LAFFERTY, K.D. (2009) The ecology of climate change and infectious diseases. Ecology, 90 (4): 888–900”.
Comecemos por este último aspecto, abordado por LAFFERTY (2009), que analisa com significativo número de citações bibliográficas, as relações entre clima e ocorrência e dispersão de doenças infecciosas. Ele considera que enquanto as projeções iniciais sugerem aumentos dramáticos futuros na faixa geográfica das doenças infecciosas, modelos recentes prevêem mudanças nas faixas de distribuição de doenças com pouco aumento na área de distribuição. E uma vez que muitos fatores podem atuar sobre doenças infecciosas, alguns poderão obscurecer os efeitos advindos do clima. Mas é importante observar a afirmação de LAFFERTY, de que a alta diversidade de doenças infecciosas nos trópicos poderia ser resultante da alta diversidade de seus vetores. E ainda: a inabilidade de doenças tropicais de seres humanos em disseminar, a partir dos trópicos para as regiões temperadas pode se dever à alta proporção de doenças tropicais que têm vetores específicos (80% tropicais versus 13% temperados) e/ou reservatórios animais silvestres (80% tropicais versus 20% temperados). Muitos trabalhos são citados por LAFFERTY (2009) reportando sobre aumento de temperatura beneficiando os vetores de doenças, como por exemplo: experimento com a esquistossomose, causada pelo parasita trematódeo, mostrou que as cercarias são sensíveis ao aumento de temperatura (conforme relatado por “POULIN, R. (2006) Global warming and temperature-mediated increases in cercarial emergence in trematode parasites. Parasitology, 132: 143–151”).
Os insetos vetores de doenças, como os mosquitos da malária e das febres amarela e dengue, são bastante sensíveis às condições meteorológicas (conforme relatado por “BRAASCH, G. (2007) Earth Under Fire: How Global Warming is Changing the World. Berkeley, University of California Press, 267p.” e já comentado numa das postagens mais antigas neste blog de ecologia). Apenas um exemplo mais recente: uma ressurgência da dengue na América Latina atingiu Buenos Aires. Em 09/04/2009 foram confirmados mais de 150 casos nessa capital (segundo divulgação “online” de NATURE (2009)).
E agora, alguns trechos do artigo objeto desta postagem. Vejamos o que afirma a Dra. SHEA sobre a asma e alergias associadas ao aquecimento global: (a) as pessoas mais vulneráveis a esses dois males são os idosos, as crianças e os enfermos; (b) esses males são epidêmicos nos países desenvolvidos, cujo número de afetados é crescente; (c) somente nos EUA pelo menos 50 milhões de pessoas sofrem de alergias, a um custo anual de U$18 bilhões ao sistema de saúde; (d) a asma afeta um em cada 14 americanos adultos e um em 10 crianças, sendo neste caso a principal responsável pelas ausências escolares; (e) quanto mais expostas as pessoas estão ao ar poluído e grãos de polens, piores são os sintomas, aumentando a probabilidade de desenvolverem processos alérgicos.
Observa ainda a Dra. SHEA: a mudança climática tem se mostrado (por diversos pesquisadores) como causadora do aumento nas concentrações de poluentes atmosféricos que desencadeiam essas doenças, principalmente o ozônio e os grãos de polens. O ozônio é o componente primário do “smog” ("smoke" + "fog" ou seja, fumaça + nevoeiro, comuns em cidades como Los Angeles (EUA) e Londres (Inglaterra). A exposição ao ozônio durante a infância pode retardar o crescimento e desenvolvimento pulmonar e contribuir para novo aparecimento de asma, que pode surgir em qualquer idade. A maioria dos precursores do ozônio provém da queima de petróleo e carvão mineral, surgindo da ação dos raios solares atuando sobre esses poluentes.
Sobre as ações dos grãos de polens a Dra. SHEA relata que a “febre do feno” potencializa ataques de asma e que há vários estudos apontando que o aumento global de temperatura provoca antecipação e alongamento da estação de produção de polens. E ainda: há certas plantas, como a erva-de-santiago ou tasneira (“ragweed”) que produz substâncias alergênicas em quantidades mais elevadas, agravando-se a asma em pessoas mais sensíveis, estando no ar concentrações mais elevadas de dióxido de carbono (um dos gases mais eficientes do aquecimento global). Conclui ela: não há dúvida de que o aquecimento global promove sofrimento respiratório. Pessoas em risco devem evitar sair de casa e evitar esforços físicos nos dias críticos, quando há informações sobre ar poluído e “infestado” com grãos de polens. Orientação às pessoas sobre como entender os índices divulgados sobre poluição e agentes da febre do feno, e ainda, e não menos importante sobre atendimento e medicação adequada é fundamental.
Não há exagero em lembrar que a onda de calor que atingiu a Europa tenha coincidido com a morte de umas 52 mil pessoas no verão de 2003; na França, mais de 10 mil, onde em Paris a temperatura alcançou 40 graus Celsius; e quase outras tantas na Itália.
Sabemos que o aquecimento global tem se mostrado como fator de preocupação maior no hemisfério norte, principalmente nas grandes latitudes. E nós que vivemos em latitudes mais baixas, mais próximo do equador e numa região naturalmente mais quente, estariamos imunes a efeitos desse tipo, com o aquecimento global??? Precisamos realizar estudos, antes de responder!