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3 de dez. de 2010

DESCOBERTA "NOVA BACTÉRIA" EXTREMÓFILA: MAIS PERGUNTAS DO QUE RESPOSTAS

Newscientist, 2 de dezembro de 2010
BILINGUE
Comentários introdutórios: 1) A bactéria deste presente estudo é da família Halomonadaceae, do filo Proteobacteria. 2) As proteobactérias são todas gram-negativas, apresentando grande diversidade metabólica (algumas têm importância médica, industrial ou agrícola). Algumas são extremófilas, como a da presente descoberta. 3) Proteobacteria consitui-se num grupo de grande importância evolutiva, geológica e ambiental em geral. 4) Mono Lake, na Califórnia, fica nas proximidades do Parque Nacional de Yosemite (de águas quentes). É um lago de água salgada (média de 50 g/L, comparado com águas oceânicas de 31,5 g/L; em nível baixo de água, já alcançou 99 g/L). 5) Contém flora e fauna adaptadas à água salobra. 6) A presente revelação sugere a necessidade de mais estudos sobre esta e outras bactérias de ambientes extremos.

INGLÊS: ARSENIC-BASED BACTERIA POINT TO NEW LIFE FORMS
PORTUGUÊS: BACTÉRIAS BASEADAS EM ARSÊNIO APONTAM PARA NOVAS FORMAS DE VIDA

INGLÊS: We could be witnessing the first signs of a "shadow biosphere" – a parallel form of life on Earth with a different biochemistry to all others. Bacteria that grow without phosphorous, one of the six chemical elements thought to be essential for life, have been isolated from California's Mono Lake. Instead of phosphorous, the bacteria substitute the deadly poison arsenic.
PORTUGUÊS: Poderemos estar testemunhando os primeiros sinais de uma “biosfera da escuridão” – uma forma de vida na Terra com uma bioquímica diferente de todas as outras. Bactérias que crescem sem fósforo, um dos seis elementos químicos tidos como essenciais à vida [tais elementos são: carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre], foram isoladas do Lago Mono, na Califórnia. Ao invés de fósforo, a bactéria o substitui pelo veneno mortal arsênio.
INGLÊS: "Life as we know it could be much more flexible than we generally assume or can imagine," says Felisa Wolfe-Simon of NASA's Astrobiology Institute and the US Geological Survey in Menlo Park, California.
PORTUGUÊS: A vida, como a conhecemos, poderá ser muito mais flexível do que nós geralmente admitimos ou possamos imaginar, diz Felisa Wolfe-Simon do Instituto de Astrobiologia da NASA e do “US Geological Survey”, em Menlo Park, California.
INGLÊS: Wolfe-Simon's team took mud containing bacteria from the arsenic-rich Mono Lake and grew them in ever decreasing concentrations of phosphorous. Their rationale was that since arsenic is just below phosphorous in the periodic table, and shares many of its chemical properties and is even used as a source of energy for some bacteria, the bugs would be able to swap one for the other. That is just what happened.
"After one year, they are still alive and well," says Paul Davies of Arizona State University in Tempe. Not only that, the team showed that this ability was incorporated deep into the molecular building-blocks of the bacterium, strain GFAJ-1 of the salt-loving Halomonadaceae family, right down to the DNA.
PORTUGUÊS: A equipe de Wolfe Simon coletou lama contendo bactérias do Lago Mono, rico em arsênio e cultivou-as em concentrações cada vez menores de fósforo. A lógica deles era de que desde que o arsênio está logo abaixo do fósforo na tabela periódica e compartilha com este elemento muitas de suas propriedades e é até mesmo utilizado por algumas bactérias como fonte de energia, esses organismos seriam capazes de trocar um [o elemento fósforo] pelo outro [o elemento arsênio]. E foi justamente isso que aconteceu. “Após um ano, elas [as bactérias] ainda estão bem vivas”, afirma Paul Davis da Universidade do Estado do Arizona, em Tempe. Não somente isso, a equipe mostrou que esta habilidade foi incorporada no interior dos blocos que constroem a molécula da bactéria, a linhagem GFAJ-da família das Halomonadaceae com afinidade por sal, direto para o DNA.
INGLÊS: "It's the first time such a chemical substitution has been shown for DNA," says Philippe Bertin of the University of Strasbourg, France, who was not part of the team. "Possibly, it's a relic of an ancestral metabolism that was supplanted during evolution because using phosphorus was more stable and less toxic."
Despite surviving on arsenic for a year, the bacteria would still "prefer" to grow using phosphorous: biomolecules react more efficiently in water and seem to be more stable when constructed with phosphorous than arsenic. They only substitute arsenic if there is no alternative.
PORTUGUÊS: “É a primeira vez que uma substituição química foi mostrada para o DNA”, disse Philippe Bertin da Universidade de Strasbourg, França. “Possivelmente é uma relíquia que foi superada durante a evolução porque o uso de fósforo era mais estável e menos tóxico”. Embora sobrevivessem de arsênio por um ano, a bactéria ainda “preferiria” crescer usando fósforo: as biomoléculas reagem mais eficientemente em água e parecem ser mais estáveis quando construídas com fósforo, mais do que com arsênio. Elas somente substituem por arsênio se não há alternativa.
INGLÊS: Steven Benner, a chemist from the Foundation for Applied Molecular Evolution in Gainesville, Florida, who works on alternative forms of DNA, is sceptical that the bacteria really do contain arsenic. "I doubt these results," he says, since in order to measure the modified DNA it has to be put into a water-containing gel, which would rapidly dissolve any arsenate molecules. Any hypothesis that arsenate might replace phosphate in biomolecules must take this into account, he says.
PORTUGUÊS: Steven Benner, químico da Fundação para Evolução Molecular Aplicada, em Gainsville, Flórida, que trabalha com formas alternativas de DNA, é descrente do fato de que bactérias realmente contêm arsênio. “Eu duvido desses resultados”, disse ele, desde que a fim de medir o DNA modificado, este tem que ser posto em gel contendo água, a qual rapidamente dissolveria quaisquer moléculas de arsênio. Qualquer hipótese de que arsenato poderia tomar o lugar de fosfato em biomoléculas, deve levar isto em consideração, afirma ele.
INGLÊS: Shadow biosphere. Davies says that future work will address the stability-in-water issue, but argues that the discovery underlines the need to look further for the first true representatives of alternate life forms in Earth's shadow biosphere.
PORTUGUÊS: Davies disse que trabalho futuro será dirigido à questão da estabilidade em água, mas argumenta que a descoberta salienta a necessidade de se olhar mais adiante para os primeiros representantes de formas alternativas de vida na biosfera da escuridão da Terra.

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