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19 de fev. de 2011

FALÉSIA DO CABO BRANCO: O QUE MAIS CONTRIBUI PARA SUA DEGRADAÇÃO?

[No ensejo propiciado por entrevista concedida à TV Clube/Band (grupo Diários Associados, em João Pessoa)volto a postar uma rápida apresentação de vídeos e fotos sobre a problemática ambiental "Falésia do Cabo Branco". A entrevista estará sendo apresentada hoje, domingo (no programa Entrevista Coletiva, após a meia-noite)].
Introdução
. Vejamos inicialmente algumas características da falésia (ou barreira) do Cabo Branco. Pertence à formação Barreiras, de origem terciária, ocorrendo do Amapá ao Rio de Janeiro. É estruturalmente formada de arenitos friáveis (muito frágeis), intercalados com folhelhos mais ou menos decompostos, daí as variações de cores. Na zona entremarés além das rochas areno-ferruginosas há em alguns locais sedimentos calcários e concreções ferruginosas. As poças de marés existentes na zona entremarés (ou estirâncio) são utilizadas por muitas espécies marinhas que ali se refugiam e deixam suas larvas.
Documentação visual (vídeos e fotos). Ao longo de mais de duas décadas venho fotografando a falésia da ponta do Cabo Branco na tentativa de entender as consequências do tratamento que nós paraibanos temos dado a esse importante marco geográfico nacional (ver postagens anteriores neste blog, feitas em 29 e 30/09/2010). Não tenho nenhuma pretensão de apontar a causa principal da degradação da falésia, mas tão somente alertar para o fato de que, tanto as ações do mar "por baixo" na falésia, como as ações antrópicas "por cima" constituem-se em fatores que vem contribuindo (não sei se ambos com igual intensidade), para sua degradação. Na verdade, a sequência de quatro vídeos aqui anexados sugere algumas conclusões: 1) Se o mar realmente exerce ação impactante sobre a falésia, a observação aos pontos de resistência dessa barreira leva-me a acreditar que temos chances de preservá-la se atentarmos para os aspectos que seguem; 2) A proximidade da pista asfaltada à borda superior da falésia vem conduzindo à trepidação e gerando possibilidades de desmoronamento de partes da falésia, em alguns pontos. 3) Acredito que o enrocamento na base da falésia, utilizando os mesmos tipos de rochas areno-ferruginosas que ali ocorrem naturalmente, reforçará a sua proteção à ação impactante do mar.
Em resumo. Devemos ter a mesma preocupação de conservação da falésia com ações de proteção na mesma proporção, ou seja, “tanto por cima como por baixo”!!!
Vejamos os vídeos.




13 de fev. de 2011

UMIDADE RELATIVA DO AR: INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO (PSICRÔMETRO) E SEU FUNCIONAMENTO

Conceito de umidade relativa do ar. A umidade relativa do ar é a razão entre a pressão parcial de vapor (pv) exercida pelas moléculas de água presentes no ar e a pressão de saturação (pvs), nessa mesma temperatura, ou seja:
UR% = (pv/pvs) 100
Em termos práticos poderíamos dizer que um certo valor de umidade relativa do ar em dado momento (77%, por exemplo) é a quantidade de vapor d’água que o ar contém como porcentagem do que este ar poderia conter se estivesse totalmente saturado (como num dia de muita chuva).
O instrumento de medição: psicrômetro. Mede-se a umidade relativa do ar utilizando-se o psicrômetro (ou termo-higrômetro), um aparelho simples dotado de dois termômetros: um que é mantido com o bulbo livre (chamado de termômetro de bulbo seco) e um cujo bulbo é envolvido em tecido de algodão, que absorve água (chamado de termômetro de bulbo úmido).
Os instrumentos mostrados no vídeo, para demonstração, são: um psicrômetro de aspiração, de fabricação suíça e um termo-higrômetro do tipo “de parede”, de fabricação nacional (Incoterm, Indústria de Termômetros). Em ambos os aparelhos, recomenda-se usar água filtrada.
Podemos também confeccionar um psicrômetro (tipo “giratório”), adquirindo-se dois termômetros simples (do tipo usado para estufa de laboratório). O termômetro sugerido tem uma faixa de temperatura de -10oC e +50oC. Numa placa (de papelão, por exemplo), fixam-se os dois termômetros com fita adesiva transparente, mantendo-se os bulbos dos termômetros para fora da placa. Envolve-se um dos bulbos em tecido de algodão que absorve água. Os termômetros devem ficar a uma distância mínima um do outro, de 10 cm.
Alguns aspectos teóricos. A quantidade de vapor d’água que possa existir na atmosfera é limitada para cada valor de temperatura. Temperaturas mais elevadas possibilitam que o ar contenha mais vapor d’água do que temperaturas mais baixas.
Pormenores físico-químicos relacionados à psicrometria podem ser vistos em “LOPES, R.P. et al. (2000) Princípios básicos de psicrometria. In: SILVA, J.S. Secagem e armazenagem de produtos agrícolas. 1ª. Ed. Viçosa, Edit. Aprenda Fácil, pp39-62”. Nessa publicação podem ser vistas as equações e representações gráficas relacionadas a todo o processo de medição, incluindo as constantes psicrométricas adotadas para o psicrômetro com ventilação (ar aspirado), que é de 6,7X10-4 oC-1 e para o psicrômetro sem movimentação de ar, que é de 8,0X10-4 oC-1. Há também tabela específica para corrigir o efeito da pressão atmosférica conforme a altitude do local onde esteja se efetuando a medição da umidade relativa do ar.
Procedimento de medição. Ao se efetuar a medição da umidade relativa do ar utilizando-se o psicrômetro ou termo-higrômetro de parede da Incoterm ou o tipo “giratório”, é aconselhável que se faça curtos movimentos de vai e vem com o aparelho (conforme mostrado no vídeo), a fim de se pôr os bulbos em contato com o ar em volta e de se desfazer a camada de saturação de umidade que se forma em volta do bulbo úmido. Deve-se convencionar o tempo e a força do movimento, para que diferentes pessoas que efetuem as medições obtenham resultados similares.
São então anotados os valores de temperatura de ambos os termômetros. E numa tabela psicrométrica obtém-se o valor de umidade relativa do ar. Chamo a atenção para as duas formas de tabela psicrométrica disponíveis. Na tabela que acompanha o psicrômetro da Incoterm observa-se na coluna vertical da esquerda o valor da temperatura do termômetro de bulbo seco e na linha horizontal superior da tabela observa-se a diferença das temperaturas obtidas pelos dois termômetros. Exemplo (mostrado no vídeo): a temperatura do termômetro de bulbo seco foi 27oC e do termômetro de bulbo úmido foi 24oC. Na tabela, na coluna vertical da esquerda, marca-se o valor 27 e na linha horizontal superior marca-se a diferença entre os valores obtidos dos dois termômetros, ou seja, 3. As linhas traçadas a partir do valor 27 (horizontalmente) e do valor 3 (verticalmente), conduzem a um “ponto de encontro” com valor 77. Portanto, a umidade relativa do ar do ambiente sob medição, é de 77%. OBS.: a tabela psicrométrica pode ser obtida na internet.
O significado ecológico de umidade relativa do ar. Deve-se observar que a existência de uma cobertura vegetal densa, uma mata por exemplo, contribui para uma umidade relativa mais elevada do que numa área desnuda ou com vegetação rasteira, como numa pastagem. Observe-se também que nos ambientes com vegetação densa, a temperatura do termômetro de bulbo seco (temperatura do ar) é geralmente mais baixa. O ser humano e grande maioria dos animais e plantas terrestres convivem bem numa atmosfera com umidade entre 60% e 80%, como ocorre no litoral brasileiro em geral e nos locais próximos a ecossistemas com matas. No planalto central brasileiro, com predominância de vegetação não muito densa (campos cerrados) a umidade é mais baixa. Em Brasília (altitude média de 1100 m) a umidade atinge valores muito baixos (menos de 10%, em setembro, por exemplo), tornando o ambiente “inadequado à atividade humana”. Em Brasília, o paisagismo com predominância de gramados, em substituição às árvores do cerrado, não contribui para manter a umidade mais elevada. Muitas plantas do cerrado, não somente árvores como também arbustos, têm sistema radicular profundo (muitas delas com cerca de 20m de profundidade) que atinge o lençol freático, aumentando a evapotranspiração. Nem o lago Paranoá, projetado para aumentar a umidade relativa do ar, surte o efeito desejado!

6 de fev. de 2011

CARAMUJO GIGANTE AFRICANO MONITORANDO POLUIÇÃO DO AR, NA RÚSSIA


Conforme amplamente divulgado por várias fontes de destaque na comunicação científica (como por exemplo a SCIENTIFIC AMERICAN), noticiou-se que o caramujo gigante africano (conhecido na língua inglesa como “sub-Saharan giant snail”), o Achatina fulica, vem sendo utilizado em São Petersburgo, na Rússia, para monitorar poluição atmosférica gerada ao redor de uma grande empresa de tratamento de esgoto, que incinera resíduos.
Nos caramujos (em número de seis) foram instalados monitores cardíacos; e o plano é observar as reações desses animais enquanto respiram a fumaça, sendo os batimentos cardíacos comparados com caramujos de grupo controle. Esses animais foram escolhidos porque têm pulmões e respiram à semelhança dos seres humanos.
O principal motivo do assunto deste ensaio é a preocupação dos representantes do Greenpeace, em que um de seus líderes (Dmitry Artamonov) afirma: “Eu não sei se os caramujos adquirem câncer, mas mesmo que venham a ter, não será de imediato, e certamente não ficaremos sabendo através deles” (ou seja, a Vodokanal, a companhia que comanda o sistema de tratamento de esgotos).
Uma das fontes de informação dessa notícia (site http://www.huffingtonpost.com/2011/01/23/snails-monitor-air-pollut_n_811286.html) aponta que esta não é a primeira vez que animais têm sido usados para monitorar poluição. Aeroportos alemães usam abelhas para detectar a qualidade do ar; pelos de cães revelam contaminação por arsênio numa mina de Montana (E.U.A.); e mexilhões são usados para estimar presença de carcinogênicos na água.
A pergunta sugerida pelos autores dessas observações (Greenpeace e do site acima discriminado) é: “O que você acha do uso de animais para testar poluição”? “Isso é inovação ou crueldade”?
Será que os autores dessas observações sabem que o caramujo gigante africano é transmissor de doenças (pelo menos aqui no Brasil: Angiostrongylus cantonensis, causador de meningite; Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilose abdominal) e que por isso, eles são incinerados aos milhares? E que essa é uma medida sanitária inevitável e que tem que ser efetuada? E ainda pergunto: “Mesmo que na Rússia esses caramujos não sejam vetores de doenças, não há certo exagero nessa preocupação de questionar a utilização desses animais (inferiores, no que diz respeito ao seu sistema nervoso) para detectar poluição”? “E com tal preocupação, impedir que um sistema preventivo de controle da poluição atmosférica seja aplicado em benefício não somente do ser humano, como também de muitos outros animais terrestres”???
Ilustração desse caramujo pode ser vista na foto acima.
[OBS.: no site http://ecologyintofocus.blogspot.com/2011/02/african-snails-latest-weapon-in.html, do blog de Breno Grisi, em inglês, pode-se assistir um vídeo da Scientific American reportando sobre este assunto e que contém mais informações sobre o procedimento experimental russo]