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2 de mai. de 2011

ENERGIA NUCLEAR: TER OU NÃO TER!!! EIS A QUESTÃO

CAPÍTULO III ─ TRATAMENTO DOS RESÍDUOS RADIOATIVOS NA SUÉCIA
[BILINGUE. Reportagem da CNN, na seção “Ecosolutions”]
Vamos começar observando como a Suécia, um país que optou pela utilização da energia nuclear na geração de eletricidade, vem planejando tratar os resíduos radioativos (ou lixo atômico) descartados das suas usinas nucleares. Na Suécia os 10 reatores nucleares existentes produzem quase metade da eletricidade do país, que tem acumulado mais de 5 mil toneladas de resíduos. Estes vêm sendo mantidos em tanques de água “blindado” com 8 m de espessura, a 40 m de profundidade; com monitoramento de 24h por dia, todos os dias do ano. Uma tarefa que os engenheiros da SKB (sigla em sueco para Manejo de Combustível e Resíduo Nuclear, um conjunto corporativo de companhias de energia nuclear) consideram difícil de ser cumprida por milhares de anos.
O novo local planejado é próximo da usina nuclear de Forsmark, em Osthammar, na região central da Suécia. Quase 90% da população local aprovam os procedimentos da SKB. Após três décadas de pesquisas a SKB concluiu que em Osthammar há um lugar perfeito para abrigar “permanentemente” o resíduo nuclear gerado no país. Nesse local a rocha mãe cristalina tem cerca de 1,9 bilhão de anos, apresentando-se estável.
O plano é enterrar 12 mil toneladas de resíduo nuclear em tubulações de cobre, resistente à corrosão, a 500 m de profundidade nas rochas cristalinas. Enterradas em rochas cristalinas as tubulações de cobre não sofreriam corrosão. Esta ocorre quando o cobre é exposto a certas condições de solo (ação termogalvânica, por exemplo). Há registros de canos de cobre encontrados em muito bom estado no Egito e que lá estariam desde uns 5 mil anos atrás. O cobre é um dos poucos metais que existe na forma natural. Esses resíduos nas tubulações de cobre estarão isolados do contato humano por pelo menos 100 mil anos.
Há um vídeo no site da CNN (em “Eco Solutions”), em inglês, (http://cnn.com/video/?/video/tech/2011/04/24/eco.sweden.nuclear.repository.cnn) que descreve o local escolhido e o processo de armazenamento que será utilizado pela SKB da Suécia. Eis um resumo do vídeo:
INGLÊS: Final repository for nuclear waste.
PORTUGUÊS: Depósito final para resíduo nuclear.
INGL.: The plan is to bury the country's expected 12,000 tons of nuclear waste in corrosion-resistant copper canisters under 500 meters of crystalline bedrock. There it will remain isolated from human contact for at least 100,000 years.
PORT.: O plano é enterrar as esperadas 12 mil toneladas de resíduo radioativo do país, em tubulações de cobre resistentes à corrosão, 500 m abaixo de rochas cristalinas. Lá estarão isolados do contato humano por pelo menos 100 mil anos.
INGL.: The idea, which still needs final approval, was developed by Swedish Nuclear Fuel and Waste Management company (SKB) a collective of Sweden's nuclear power companies.
PORT.: A ideia, que ainda necessita de aprovação final, foi desenvolvida pela SKB, uma companhia de Manejo de Combustível e Resíduo Radioativo que coletivamente representa todas as companhias de energia nuclear suecas.
INGL.: The latest poll showed that 88% of Osthammar residents are in favor of having the storage site in their community.
PORT.: A última enquete mostrou que 88% dos residents de Osthammar estão a favor de terem o local de armazenamento em sua comunidade.
INGL.:Swedes have a complicated relationship to nuclear power. Following the Three Mile Island incident in the U.S. in 1979, Sweden voted to shut down all its nuclear reactors by 2010.
PORT.: Os suecos têm uma complicada relação com energia nuclear. Logo após o acidente em Three Mile Island nos Estados Unidos, em 1979, eles votaram a favor do fechamento dos reatores nucleares até 2010.
INGL.: However the decision was overturned by a new government and only two reactors were decommissioned. Today Sweden's 10 nuclear reactors produce almost half of the country's electricity.
PORT.: No entanto a decisão foi revertida por um novo governo e somente 2 reatores foram desativados. Hoje, os 10 reatores nucleares da Suécia produzem quase metade da eletricidade do país.
INGL.: Sweden has so far accumulated more than 5,000 tons of spent fuel. It is stored in a bright blue water tank, 40 meters underground in the southern city of Oskarshamn. But even though the radiation is shielded by eight meters of water, this facility has to be monitored 24 hours a day, every day of the year. "And we will certainly not do that for the next 100,000 years", Brita Freudenthal, SKB's guide at the facility told me.
PORT.: A Suécia tem até agora acumulado mais de 5 mil toneladas de combustível gasto [= resíduo]. Estão armazenadas num tanque de água azul (“bluewater tank”..., há 40 m de profundidade no solo, na cidade de Oskarshamn, no sul. Mas embora a radiação esteja blindada por 8 m de água, esta instalação tem que ser monitorada 24 horas por dia, todos os dias do ano. “E nós certamente não faremos isso pelos próximos 100 mil anos”, afirmou Brita Freudenthal, guia da SKB na instalação, que assim me disse.
ALGUNS DEPOIMENTOS DA POPULAÇÃO LOCAL.
INGL.: "The women talk more about the water, if they can eat the berries in the forest, if they can eat the moose they hunt. Men are more interested in the technology, if the canister will be safe”. Said Saida Laârouchi Engstrom from SKB.
PORT.: “As mulheres falam mais acerca da água, se eles podem comer os frutos da floresta, se eles podem comer os alces que caçam. Os homens estão mais interessados na tecnologia, se as tubulações são seguras”. Afirmou Saida Laârouchi Engstrom da SKB.
INGL.: Erik and Catharina Waernulf live in Forsmark with their four young children.
"SKB are very good at giving information" Catharina said. "I think the closer you live the less scared you are. The waste has to be stored somewhere, so why not here?" Erik added.
PORT.: Erik e Catharina Waernulf vivem em Forsmark com seus 4 filhos pequenos. “A SKB é muito boa em dar informações”, disse Catharina. “Eu acho que quanto mais perto você vive menos temeroso você fica. O resíduo tem que ser armazenado em algum lugar, assim porque não aqui”? Acrescentou Erik.
INGL.: For the mayor of Osthammar, Jacob Spangenberg, whether or not to accept the repository has nothing to do with the new investment and the new jobs it would generate. "This is a possibility for our nation and our society to solve a very, very difficult problem," he said.
PORT.: Para o prfeito de Osthammar, Jacob Spangenberg, aceitar ou não o depósito não tem nada a ver com novos investimentos e novos empregos que seriam gerados. “Esta é uma possibilidade para nosso país e nossa sociedade para solucionar um problema muito muito difícil”, afirmou ele.
INGL.: Mayor Spangenberg has the ultimate right of veto if he is not satisfied with the results.
PORT.: O prefeito Spangenberg tem o direito de veto se ele não estiver satisfeito com os resultados [do plano].
INGL.: But if the application doesn't go through, or Osthammar doesn't accept the results of the review, what is Sweden going to do with the waste? It's a tricky question that not only this Nordic country has to face.
PORT.: Mas se a solicitação não for adiante, ou Osthammar não aceitar os resultados dos estudos, o que a Suécia vai fazer com o resíduo? É uma questão delicada que não somente este país nórdico tem que enfrentar.

ALGUMAS CONCLUSÕES (DOS 3 CAPÍTULOS AQUI POSTADOS).

Onde residiriam então os principais problemas do uso da energia termonuclear?
Certezas: dentre as principais termoelétricas até hoje desenvolvidas, a energia termonuclear é a que menos causa impacto ambiental. Sua implantação ocorre em área restrita. Sua radiação emitida normalmente é de cerca de 1% da radiação natural. Elas não emitem poluentes (gás carbônico nem outros gases) nem queimam oxigênio. Economicidade no uso de combustível: um combustível nuclear contendo 3,1% de urânio físsil (U-235), por exemplo, produz aproximadamente, 80.000 vezes a energia produzida pela mesma quantidade de carvão mineral.
Dúvidas: as maiores preocupações, de todas as sociedades mundiais, residem nos dois mais evidentes fatores seguintes: o que fazer com os resíduos (lixo atômico) e as chances de acidentes.
Caso Brasil: embora se propale que as usinas de Angra dos Reis (I, II e III) estejam instaladas em solos com características de instabilidade, na praia de Itaorna (“à beira-mar”) e inseridas em região com alta densidade populacional humana (entre as cidades de Angra dos Reis e Paraty, no Rio de Janeiro) e que a usina projetada para o nordeste deverá ser instalada em Itacuruba, Pernambuco, na margem esquerda do rio São Francisco, muitos estão confiantes que elas são seguras e que no Brasil cataclismos são incomuns. Mas acidentes não são provocados somente pela Natureza. A natureza humana conta. E muito!!!
Portanto, parece, para a maioria das pessoas, que CONFIABILIDADE é o item em que esse sistema mais “peca”. Com uma conotação especial no Brasil, por razões apresentadas no Capítulo I postado neste blog em 27 de abril de 2011 (ver em especial o item O QUE JUSTIFICARIA ESTAR CONTRA AS USINAS NUCLEARES).

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