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13 de ago. de 2011

POLUIÇÃO, ESTRESSE, PRESSÕES PSICOSSOMÁTICAS, AFLIÇÕES VÁRIAS, MORTES INJUSTIFICÁVEIS... ESTAMOS APARELHADOS PARA SUPORTAR?

Relendo um artigo sobre bebês prematuros, divulgado pela “Environmental Health Sciences” (Ciências da Saúde Ambiental) veio-me à mente a pergunta acima, relacionada de certa forma à ecologia urbana. Nessa publicação é relatado resultado de pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade da Califórnia na região de Long Beach/Orange County, nos Estados Unidos.
Eles observaram que quando as mulheres grávidas se expõem à poluição atmosférica em locais próximos a vias de grande movimento de tráfego, elas têm maior probabilidade de darem à luz bebês prematuros e sofrerem de pré-eclampsia (hipertensão, edema, proteinúria gestacional). Ao revisarem registros de nascimentos de mais de 81 mil bebês, os pesquisadores observaram que o risco das gestantes terem um bebê antes das 30 semanas de gestação aumentou em 128 por cento para as mães que vivem próximo aos piores índices de poluição atmosférica causada por tráfego pesado. E o risco de pré-eclampsia aumentou 42 por cento para essas mães. Os médicos afirmam que os fetos vivem uma fase sensível do desenvolvimento, sendo vulneráveis às substâncias tóxicas inaladas pelas suas mães.
Esta é uma revelação que se acrescenta às demais reações negativas atribuídas à poluição atmosférica, ligadas às doenças respiratórias e cardiovasculares. Os bebês estudados foram os nascidos entre 1997 e 2006. É bem possível que hoje a situação esteja bem pior! Nos Estados Unidos, o “país das estatísticas”, tem-se conhecimento sobre isso de maneira segura. E no Brasil?
Orientações preventivas, nesses casos, praticamente não surtiriam efeito. A não ser, talvez, mudar de lugar de residência, ou evitar se locomover pelas vias mais poluídas, ou trancar-se em casa nos horários de maior pico de tráfego... ou usar máscaras nesses horários ou nas locomoções.
Após o nascimento não é raro se observar o aumento de crianças com problemas respiratórios, como asma, principalmente quando há mudança climática brusca ou extrema, associada aos picos de poluição.
Durante o crescimento o ser humano é bombardeado por inúmeros outros fatores estressantes, a maioria de origem antrópica, que vão dos ruídos constantes os mais diversos (motores de veículos, buzinas etc.), aos cuidados que se devam ter com o tráfego, olhar por onde se pisa (principalmente no Rio de Janeiro, onde os bueiros explodem) e por debaixo de onde se passa; e também por quem se acompanha e quem se vai encontrar pela frente, ou quem surge por trás; e ainda saber distinguir o que se pode tocar, comer, beber e o que não se pode. E não devemos esquecer-nos de mencionar as balas perdidas e as bem direcionadas para nós vítimas dos assaltantes, fatos estes hoje muito comuns aqui no Brasil varonil! Enfim, viver é um risco! E mais ainda aqui, no Brasil varonil.
Chama-me a atenção em especial o fato de que nossa sociedade está estruturada para atender os “normais”, primordialmente os adultos! Aqueles com necessidades especiais e as crianças e os idosos, pelo menos no nosso Brasil varonil, muito raramente têm tratamentos específicos. Os sons são altos, o movimento de veículos é sem limites (se assim não o fosse os carros teriam limite de velocidade máxima de 80 km, exceto os de serviços especiais como as ambulâncias, carros da polícia e dos bombeiros); e a prioridade seria dos transportes coletivos. As calçadas não são dimensionadas nem mantidas em bom estado para permitir circulação segura de pedestres.Nem todos os cruzamentos de ruas nos sinais de trânsito têm faixas para pedestres; e naqueles que têm, tais sinais não lhes asseguram tempo para travessia. Dados da seguradora que administra o DPVAT, seguro obrigatório: 160 pessoas morrem por dia no trânsito do Brasil (X 365 dias = 58.400 por ano). A maioria, entre 21 e 30 anos de idade, como vítimas da combinação imprudência, álcool, velocidade. No conflito do Iraque, de 2003 para cá, em oito anos portanto, morreram mais de 98.400 civis (e 4.200 soldados americanos e 175 soldados britânicos). No Brasil, nos mesmos últimos oito anos, ocorreram 254 mil mortes no trânsito. Donde se conclui claramente, que é mais seguro viver lá!!! Este, que é apenas um dos nossos conflitos trágicos, deixa o Iraque com ares de “principiante em tragédias”. E mais: de acordo com o Instituto Sangari (Mapa da Violência 2010: Anatomia dos Homicídios no Brasi)l comprovou-se queda no índice de assassinatos entre 1997 e 2007. Ainda assim, mais de 500 mil pessoas foram vítimas desse tipo de crime no país na década analisada. Mais um dado confirmando que o Iraque é mais seguro!!!
Espaço para lazer dos jovens, só no meu tempo de juventude (nas décadas de 1950-60), quando brincávamos nos terrenos ainda vazios de João Pessoa. E durante nossas férias ainda conseguíamos circular de bicicleta por muitas áreas “a serem exploradas”. Hoje, as poucas existentes são de circulação proibida. Ou se algum jovem, ou mesmo adulto, desejar por ela se arriscar a ser assaltado (ou morrer), é só dar um passeio, por exemplo, no “orgulho de preservação da Natureza em João Pessoa: a Mata do Buraquinho”. Nos seus mais de 400 hectares de remanescente de mata atlântica, em plena zona urbana desta capital, escondem-se bandidos, drogados... enfim, os famosos malfeitores dos novos tempos modernos (quiçá fossem os tempos modernos da época de Charles Chaplin!). Lá eu não consigo levar meus alunos, a não ser com escolta policial (todos em fila indiana, sob os olhares vigilantes dos policiais florestais).
E as autoridades governamentais, de todos os setores, pensam que uma nova lei daqui e outra dali... (hoje em dia boa parte delas protegendo o malfeitor) evitarão que nossos jovens se destruam ou aniquilem pessoas de todas as idades e segmentos sociais. Nem criancinhas escapam das barbáries. Espaço apropriado e atividade sadia são palavras-chave de resposta a mudanças. Investir em educação objetivando reintegrar os jovens não é gasto. É investimento que resultará em economia em vários setores dos serviços sociais (segurança e saúde são os principais). Se fosse aplicada a força de trabalho de milhares de apenados (de penas leves, é claro) que são beneficiados pelos indultos (natal e ano novo, dia das mães, dia dos pais, semana santa...) na revitalização de nossos ambientes naturais, eu acredito que a mãe Natureza retribuiria com melhor qualidade de vida para toda a sociedade. Resultado bem melhor do que o choro das mães que são preteridas pelos filhos que se aproveitam do indulto para praticar mais crimes.

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