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5 de jun. de 2012

SE CONTINUAR ASSIM... SEM POLÍTICA DE ENERGIA ALTERNATIVA...


[Reproduzido do site: www.wwf.org.br; de 25/abril/2012]
Na foto vê-se o Salto Dardanelos, situado próximo à cidade de Aripuanã, composto de uma sucessão de cachoeiras num desnível de 150 m.


O Governo Federal estuda, atualmente, a possibilidade de construir sete hidrelétricas na bacia do rio Aripuanã, na região situada entre os Estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. As sete hidrelétricas vão gerar 2.790,8 megawatts e trarão impactos numa área que se estende por 14 municípios dos Estados citados e abrange uma população de 112 mil habitantes. Além disso, vai atingir diretamente 11 áreas protegidas, entre Unidades de Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas.

A informação foi divulgada na metade do mês de abril, quando a Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas Energia (EPE/MME) realizou, em Manaus (AM) e Cuiabá (MT), audiências públicas para socializar os resultados da avaliação ambiental integrada da bacia do rio Aripuanã. O estudo teve como objetivo avaliar se o meio ambiente daquela região teria condições de “suportar” os impactos trazidos pelos empreendimentos.
18 impactos; apenas 2 positivos
O inventário divulgado trouxe uma série de informações sobre a bacia do rio Aripuanã, que fica à margem direita do rio Madeira. Além de levantamentos técnicos referentes àquela região (abordando questões como geologia, hidrologia, relatórios de flora e fauna, dados socioeconômicos das populações locais) o documento traz também uma descrição dos 18 impactos que serão causados pelas hidrelétricas – e apenas 2 deles são positivos.
Entre os aspectos positivos das hidrelétricas são citados o incremento da arrecadação municipal das cidades atingidas, pela compensação financeira que será trazida pelo setor elétrico às prefeituras [aliás, uma obrigação prevista em lei]; e a melhoria da estrutura viária da região, já que, para operar e receber insumos e equipamentos, as hidrelétricas precisam de vias e estradas trafegáveis durante todo o ano.
Dentre os impactos negativos previstos no inventário estão: interferência em ambientes ricos em biodiversidade, desaparecimento de espécies da fauna e flora, interrupção de rotas migratórias de peixes e supressão de vegetação marginal; além de perda da navegabilidade para escoamento da produção local. Outras consequências das instalações das usinas são perda de recursos genéticos, alterações na dinâmica ecológica da área, além da interferência em políticas públicas de conservação e desenvolvimento sustentável.
No âmbito social, as consequências previstas são o acirramento de conflitos, principalmente sobre populações indígenas ou tradicionais; interferência no modo de vida dessas populações, intensificação de invasões e apropriações indevidas de recursos de uso dos povos indígenas, além de interferência nas atividades econômicas rurais tradicionais.
As hidrelétricas
Segundo o inventário divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética, das sete hidrelétricas consideradas, três serão instalados no curso do rio Roosevelt - Cachoeira Galinha, Inferninho e Ilha São Pedro – e as outras quatro serão instaladas no rio Aripuanã (Prainha, Ilha Três Quedas, Quebra Remo e Sumaúma). A elas, somam-se a Usina de Dardanelos e a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) de Juína, que já se encontram em funcionamento na região.
As áreas protegidas que serão atingidas serão o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, o Parque Estadual do Sucunduri, o Parque Estadual do Guariba, o Parque Estadual Tucumã, a Estação Ecológica do rio Roosevelt e a Estação Ecológica do rio Madeirinha.
Entre as Terras Indígenas, serão impactadas a Terra Indígena Arara do rio Branco, Terra Indígena Serra Morena, Terra Indígena Aripuanã, Parque Indígena Aripuanã, Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto e Terra Indígena Zoró.
Conhecendo a região
A bacia do rio Aripuanã situa-se na região de transição entre os domínios biogeográficos da Amazônia e do Cerrado. Por estar localizada numa área de difícil acesso, é considerada uma das regiões mais bem preservadas da Amazônia, principalmente em território mato-grossense e rondoniense. No entanto, sofre forte pressão de atividades humanas e não por acaso situa-se dentro do “Arco do Desmatamento” – local famoso pelos altos índices de desmatamento, queimadas e conflitos fundiários.
A bacia do rio Aripuanã está dentro da área do Mosaico da Amazônia Meridional e do Mosaico do Apuí, dois conjuntos de Unidades de Conservação cujo objetivo é combater a degradação da área. As atividades econômicas mais importantes da bacia são a extração de madeira, a agropecuária e serviços. Os conflitos entre grupos populacionais diferentes – ribeirinhos, indígenas, grileiros, fazendeiros, pecuaristas, extrativistas, entre outros – também são uma das características mais marcantes daquele local.
Esta região é também a mesma em que, numa expedição promovida pelo WWF-Brasil em 2010, foi encontrada uma nova espécie de macaco, nas proximidades do rio Roosevelt.
[Em resumo: 1) Após Belo Monte, muitas outras hidrelétricas estão surgindo e, enquanto não se der atenção à política de energia alternativa, muitas outras virão. E com elas, degradação ambiental, perda de biodiversidade, conflitos socioeconômicos... 2) E conforme divulgado no blog sosriosdobrasil, tem razão o sub-coordenador do Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima), vinculado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Anderson Bittencourt, especialista em energia e fontes renováveis, quando diz: “são importantes os estudos de inventário para conhecer o potencial energético da região, mas sou contra o modelo de hidrelétricas que afetam a população local. Além de não estarem incluídas nos projetos de desenvolvimento, permanecem sem o principal resultado esperado da obra, o suprimento elétrico. Isso mostra que o planejamento da matriz energética deveria ser mais diversificado, distribuindo melhor os impactos e as oportunidades socioeconômicas que existem, tais como, o aproveitamento de outras opções de geração de energia, como turbinas hidráulicas e energia de biomassa e solar, ao invés de sempre optar por grandes obras hidrelétricas, que não é uma alternativa ambiental viável a longo prazo”. É só escutar quem entende!!!].

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