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25 de set. de 2013

ESSA TRAGÉDIA É ANTIGA: ATINGE ANIMAIS E PLANTAS EM TODO O BRASIL

23/09/2013 22h04 - Atualizado em 23/09/2013 22h04

Teste mal conduzido espalha praga e dá


prejuízo a produtores no Nordeste

O Jornal Nacional vai exibir, nesta semana, uma série de reportagens especiais sobre prejuízos que o Brasil sofre por causa de pragas.


O vídeo mostra dois casos: carrapato atacando o gado e cochonila atacando a palma. Há publicação importante sobre entomologia agrícola:


Histórico e Impacto das Pragas Introduzidas no Brasil

Histórico e Impacto das Pragas Introduzidas no Brasilog:image 
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R$40,00 ou 3X sem juros de R$13,33
Disponibilidade: Produto Fora de Estoque
Descrição
Autor: Evaldo Vilela (UFV), Roberto A. Zucchi (USP) & Fernando Cantor (UFV)
Editora: Holos Editora
Número de páginas: 173
Acabamento: Brochura
Formato: Grande
O Jornal Nacional vai exibir, nesta semana, uma série de reportagens especiais sobre prejuízos que o Brasil sofre por causa de pragas. O que elas têm em comum é o fato de que não existiam, por aqui. Foram trazidas de outros países. Na primeira reportagem, Tonico Ferreira mostra duas delas - que prejudicam a criação de gado em diferentes estados brasileiros.
CARRAPATO
O bicho é pequeno, mas agressivo e altamente reprodutivo. Ataca os bois em grandes colônias. “Num local como esse aqui, a gente encontra mais de mil carrapatos. com certeza”, aponta um especialista.
A fêmea produz até 4 mil ovos e a fertilidade é de 98%. O carrapato do boi veio da Índia. O gado de raça européia, importante na produção não só de carne, mas, sobretudo de leite, é o mais sensível ao parasita.
É um problema essencialmente econômico para o país. O prejuízo que ele traz tanto pela queda na produção de carne, leite e transmissão de doenças quanto pelo custo das medidas de controle é de quase R$ 6 bilhões por ano.
Novos métodos de combate ao carrapato são testados em uma fazenda experimental em Minas Gerais. É um passo importante. Mas, quem conhece o problema a fundo, diz que é preciso um esforço coletivo.
“Quando não existe uma política pública, a coisa fica por conta do interessado particular. E isso leva a muitos erros. Hoje, um dos grandes problemas que a gente ter essa política pública, é que cada um faz como consegue”, ressalta Romário Cerqueira Leite, prof. de doenças parasitárias – UFMG.
A Embrapa, no entanto, reclama da falta de interesse de muitos produtores. O laboratório em Juiz de Fora, Minas Gerais, que recebe amostras de carrapato e testa os melhores produtos para combater o parasita, está com capacidade ociosa.
“Não temos política pública, mas temos um serviço gratuito que a Embrapa oferece a todos os produtores. E nós temos recebido em torno de mil amostras por ano e temos capacidade de realizar mais de 6 mil por ano”, afirmou Rui da Silva Verneque, pesquisador da Embrapa.
Pequenos produtores de leite são os mais prejudicados. Sergio da Silva, por exemplo, tirava 270 litros de leite por dia antes do carrapato atacar. Agora, consegue apenas 180 litros. Somando os gastos com o controle do carrapato, ele calcula que deixa de ganhar mil reais por mês.
[...]

COCHONILHA
No Nordeste uma praga está atacando uma planta que é um dos principais recursos que o criador de gado tem para alimentar os rebanhos nos períodos de estiagem prolongada. E esta região passa por uma seca que vem desde o ano passado.
Há mais de 100 anos a palma forrageira, que veio do México, é alimento para o gado no semiárido nordestino. Recentemente foi atacada pela cochonilha. Esse inseto é conhecido por produzir um corante natural vermelho, o carmim. A fonte da infestação foi um teste para produção comercial desse corante.
O experimento foi mal conduzido, houve perda de controle e cochonilha se espalhou por plantações de palma em Pernambuco e Paraíba. É fácil identificar o ataque do inseto. Ele forma colônias em flocos brancos. A cochonilha suga a selva e provoca a morte da planta.
Fiz empréstimo pra dar de comer aos animais. Eles comeram o financiamento todo"
João, produtor
João Vieira de Andrade, produtor familiar, levou um susto. “O povo aqui não acreditava que a cochonilha mataria essa palma. Trinta, 40 anos que nós vivemos por aqui e nunca viu doença em palma. Aí ela chegou de vez assim”, contou o produtor de leite.  
Com 20 vacas leiteiras, ficou sem água, sem pasto e sem palma, teve de pegar um empréstimo. “O financiamento nós fizemos pra dar de comer aos animais. Os animais comeram o financiamento todo. E agora, como pago o banco?”, lamentou. 
João ficou também sem ter como sustentar a família. “É difícil o negócio”, lamenta. Ele vendeu as vacas, deve R$ 32 mil para o banco e agora trabalha nas fazendas vizinhas fazendo bico.
[...]

24 de set. de 2013

DESMATAMENTOS DE BIOMAS BRASILEIROS ENTRE 2002 E 2009

[Reproduzido de  www.amazonia.org.br]

Por trás do desmatamento da Amazônia

O consumo interno do Brasil e as exportações de soja, carne bovina e outros produtos primários provenientes da Amazônia são responsáveis por mais da metade das taxas de desmatamento e, consequentemente, das emissões de gases de efeito estufa (GEE) registradas pelo bioma.
A avaliação é de um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo (USP), no âmbito de um Projeto Temático, realizado no Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).
Os resultados do estudo foram apresentados no dia 12 de setembro durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima), realizada pela Fapesp em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), em São Paulo.
“Mais da metade das emissões de GEE da Amazônia acontecem por conta da demanda de consumo fora da região, para abastecimento interno do país ou para exportação”, disse Joaquim José Martins Guilhoto, professor da FEA e um dos pesquisadores participantes do projeto.
De acordo com dados apresentados pelo pesquisador, obtidos do segundo Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa – publicado no final de 2010, abrangendo o período de 1990 a 2005 –, em 2005 o Brasil emitiu mais de 2,1 gigatoneladas de CO2 equivalente. A Amazônia contribui com mais de 50% das emissões de GEE do país.
A fim de identificar e entender os fatores econômicos causadores do desmatamento e, por conseguinte, das emissões de GEE na Amazônia naquele ano, os pesquisadores fizeram um mapeamento das emissões diretas por atividade produtiva separando a Região Amazônica do restante do Brasil e calcularam a parcela de contribuição de cada um na emissão de CO2 equivalente, assim como a participação das exportações.
Os cálculos revelaram que as exportações diretas da Amazônia são responsáveis por 16,98% das emissões de GEE da região. Já as exportações do resto do país são responsáveis por mais 6,29% das emissões da Amazônia, uma vez que há produtos provenientes da região que são processados e exportados por outros estados brasileiros.
O consumo interno, por sua vez, responde por 46,13% das emissões amazônicas, sendo 30,01% pelo consumo no restante do país e 16,12% pelo consumo dentro da própria Região Amazônica, aponta o estudo.
“A soma desses percentuais demonstra que mais de 50% das emissões de GEE da Amazônia ocorrem por conta do consumo de bens produzidos na região, mas consumidos fora dela”, afirmou Guilhoto. “Essa constatação indica que os fatores externos são mais importantes para explicar as emissões de GEE pela Amazônia.”
Segundo o estudo, a pecuária, a produção de soja e de outros produtos agropecuários são os setores produtivos que mais contribuem para as emissões de GEE pela Amazônia. Mas, além deles, há outros setores econômicos, como o de mobiliário, entre outros, que são fortemente dependentes de insumos produzidos na região.
“Os dados obtidos no estudo mostram que, de modo geral, apesar de haver uma dependência muito maior da Amazônia pelos insumos produzidos pelo resto do Brasil, a pouca dependência que o resto do Brasil tem do bioma se dá em insumos fortemente relacionados com a emissão de GEE na região”, resumiu Guilhoto.
Redução do desmatamento
Em outro estudo também realizado por pesquisadores da FEA, no âmbito do Projeto Temático, constatou-se que entre 2002 e 2009 houve uma grande expansão da área de produção agropecuária brasileira e, ao mesmo tempo, uma redução drástica das taxas de desmatamento da Amazônia.
A cana-de-açúcar, a soja e o milho responderam por 95% da expansão líquida da área colhida entre 2002 e 2009, enquanto o rebanho bovino teve um acréscimo de 26 milhões de cabeças de gado. Nesse mesmo período a Amazônia registrou uma queda de 79% do desmatamento.
A fim de investigar os principais vetores do desmatamento no país, uma vez que boa parte dos eventos de expansão agropecuária ocorre fora da Amazônia, os pesquisadores fizeram um estudo usando análises espaciais integradas do território brasileiro, incluindo os seis biomas do país.
Para isso, utilizaram dados sobre desmatamento obtidos do Projeto Prodes, do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), além de imagens georreferenciadas obtidas dos satélites Landsat, da agência espacial americana Nasa.
O estudo revelou que, no período de 2002 a 2009, foram desmatados 12,062 milhões de hectares da Amazônia, 10,015 milhões de hectares do Cerrado, 1,846 milhão de hectares Caatinga, 447 mil hectares do Pantanal, 375 mil hectares da Mata Atlântica e 257 mil hectares do Pampa.
“A soma desses números indica que o Brasil desmatou em sete anos o equivalente ao Estado de São Paulo mais o Triângulo Mineiro ou uma Grã-Bretanha”, calculou Rafael Feltran-Barbieri, pesquisador da FEA e um dos autores do estudo.
De acordo com o pesquisador, uma das principais conclusões do estudo foi que os outros biomas estão funcionando como uma espécie de “amortecedor” do desmatamento da Amazônia.
“Quando consideramos a expansão agropecuária do Brasil como um todo, vemos que boa parte da redução das taxas de desmatamento da Amazônia se deve ao fato de que os outros biomas estão sofrendo essas consequências [registrando aumento no desmatamento]”, afirmou.


23 de set. de 2013

POVOS INDÍGENAS DO NORTE DO BRASIL: UM DOCUMENTÁRIO DE SUA LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA

[Reproduzido de www.imazon.org.br]

https://www.youtube.com/watch?v=ZM493Jm7xSQ&feature=youtube_gdata_player

Assistam ao vídeo acima e observem a importante relação do povo indígena com a Natureza. Os depoimentos mostram que os habitantes da floresta amazônica vivem quase que exclusivamente do que a floresta lhes fornece, almejando usufruir do que as sociedades modernas hoje dispõem. O depoimento de um dos caciques, Mauro Kaxuyama (aos 7 minutos e 30 segundos do vídeo, aproximadamente) demonstra tal aspiração, plenamente justificável, desses povos que vivem em quase total isolamento.

As cenas comprovam o descaso de governantes com a existência desses autênticos nativos brasileiros. Incentivá-los e orientá-los à implantação de cooperativas, como um dos líderes comunitários expôs, seria uma maneira de levá-los à conquista de bens materiais úteis.




19 de set. de 2013

ALEMANHA: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA PRÁTICA!


[Uma rápida visão de um país que sabe praticar desenvolvimento sustentável - reproduzido de http://g1.globo.com/platb/mundo-sustentavel/]

Imagens de um dos países mais sustentáveis do mundo

qua, 18/09/13
por andre trigueiro |
Foi a segunda vez que visitei a Alemanha a trabalho. Tanto em 2006 (durante a primeira Copa do Mundo “verde” da História) quanto agora, quando registramos para o Jornal da Globo a “virada energética” do país (1ª reportagem da série vai ao ar nesta quinta-feira, 19), fui arrebatado por uma cultura em que a sustentabilidade parece ter sido assimilada como um estilo de vida que inspira as principais escolhas feitas pelos alemães no dia-a-dia.
Abaixo, neste despretensioso álbum de viagem, compartilho algumas imagens (não esperem deste fotógrafo de ocasião o esmero de um profissional) que dizem muito a esse respeito.
1 – De vento em popa
Não é exagero dizer que a Alemanha se transformou em um gigantesco paliteiro de aerogeradores. Quem viaja pelo país se depara a todo instante com esses modernos cataventos compondo as paisagens. Os alemães geram hoje mais energia com o vento do que nós por aqui com a hidrelétrica de Itaipu. E ainda obtém lucros importantes com a venda de equipamentos e know-how a países interessados nesta fonte limpa e renovável de energia, como o Brasil.
2 – Com o sol a pino
 Com o sol a pino

Faz muito menos sol na Alemanha do que no Brasil. Ainda assim, a quantidade energia solar captada por eles já abastece o equivalente a 8 milhões de residências. A decisão de desligar todas as centrais nucleares alemãs após o acidente de Fukushima (2011) acelerou os investimentos em fontes alternativas. Na foto, a maior usina solar da Europa (feita com equipamentos de última geração) recém inaugurada nos arredores de Berlim, exatamente onde havia antes uma antiga base militar soviética,abandonada após o fim da guerra fria. Imagine uma área equivalente a 212 campos de futebol cobertos de placas fotovoltaicas. Parece uma paisagem futurista. Só que para os alemães, o futuro é agora.
3 – O teto solar do maior mercado de Berlim

A febre de cobrir telhados, lajes ou qualquer superfície plana disponível pegou os alemães de jeito. Foi o que aconteceu também no maior mercado de Berlim. Numa área equivalente a 6 campos de futebol, uma parceria público-privada investiu 6 milhões de reais (valores convertidos para a nossa moeda) num projeto que permitirá a venda da energia excedente para a rede. Perspectiva de lucro em aproximadamente 15 anos. Parece muito para quem só enxerga no curto prazo. Mas no país mais rico e populoso da Europa, a verdadeira riqueza é aquela que se pereniza na linha do tempo baseada em valores sustentáveis.
4 – A cidade mais sustentável do mundo

Freiburg é considerada por muitos a cidade mais sustentável do mundo. Transporte público de massa eficiente e barato, segurança para os ciclistas, estímulos para a construção de habitações sustentáveis (“Vauban”é um exemplo de condomínio sustentável reconhecido internacionalmente) e um histórico de lutas contra a energia nuclear (foi a primeira cidade alemã a banir por lei a construção de usinas atômicas) tornaram Freiburg uma cidade orgulhosa de estar à frente de seu tempo. É também o lugar da Alemanha onde os “verdes” ocupam o maior número de cadeiras no parlamento.
5 – De bicicleta se vai longe


Flagrante da movimentação de ciclistas em uma estação de trem nos arredores de Berlim. Os vagões previamente identificados asseguram o espaço da bicicleta sem estresse. O sistema integrado de transportes abre espaço para as “magrelas”, sem burocracia ou preconceito. É bastante comum vermos idosos andando de bicicleta na Alemanha, se beneficiando também das facilidades de deslocamento nos trens.
6 – Ecodesign
Os modelos construtivos alemães se adaptam rapidamente aos novos tempos. Isso vale todos os gêneros de projetos, de habitação popular a monumentos históricos. Há também as situações em que projetos antigos são retrofitados a partir de soluções sustentáveis. Foi o que aconteceu com a cúpula de vidro do Reichstag (o parlamento alemão) e a cobertura vazada de luz natural do Estádio de Munique.

18 de set. de 2013

ATENÇÃO VIAJANTES NAS RODOVIAS BRASILEIRAS: BAIXEM NOS SEUS "SMARTPHONES" O APLICATIVO "URUBU MOBILE"

[Reproduzido de www.oeco.org.br]


O pesquisador que quer salvar animais com um celular
Angela Kuczach - 16/09/13

02Todos anos, no Brasil, 450 milhões de animais morrem atropelados. Fotos: Alex Bager | Clique para ampliar.
Atropelamento de fauna silvestre é um assunto indigesto. Ninguém gosta de ver um bicho atropelado na beira da estrada ou presenciar um atropelamento. Mas de embrulhar o estômago é tomar conhecimento de que, todos os anos, 450 milhões de animais morrem atropelados nas estradas brasileiras, mais de duas vezes a população humana do Brasil. De roedores a onças-pintadas, de anfíbios a sucuris, não importa o grupo, não importa o tamanho, a fauna brasileira é gravemente afetada. Até o leitor terminar de ler esse artigo, mais de 10.000 animais terão sido mortos nas estradas do país.
Para chegar à estimativa dos 450 milhões de animais mortos anualmente no Brasil, Alex baseou-se em artigos científicos publicados com dados de diferentes biomas brasileiros. Com base nas taxas de atropelamento destes artigos foi estabelecida uma taxa média para o território brasileiro e extrapolada para toda a malha de 1,7 milhões de quilômetros. Considerando que existe uma ampla diferença entre rodovias e estradas (asfalto e terra, federal/estadual/municipal), com diferentes probabilidades de atropelamento, foi estabelecido um fator de correção. Neste caso, rodovias federais de pista simples tiveram coeficiente 1, enquanto que estradas de terra municipais tiveram um coeficiente 0,18. As análises foram realizadas para cada estado brasileiro e para animais de pequeno, médio e grande porte. Os dados mostram que mais de 400 milhões são de pequenos vertebrados, cerca de 3 milhões de grandes vertebrados, e os demais de médio porte.
Pouco se fala sobre o problema, menos ainda se sabe sobre ele. Apenas recentemente a Ecologia de Estradas começou a ser pesquisada no Brasil. A ciência é nova até em termos mundiais. Richard Forman, pesquisador da Universidade de Harvard, começou a pesquisar o tema na década de 90. Em 1998, publicou o artigo Roads and Their Major Ecological Effects (Estradas e o seu grande impacto ecológico). Por aqui, os primeiros estudos datam de 1988 (Novelli et al., 1988), apesar do termo Ecologia de Estradas somente ser incorporado ao cotidiano na vida acadêmica quase duas décadas depois.
Um dos especialistas na área é o Professor Alex Bager, da Universidade Federal de Lavras, um oceanólogo que, no seu caminho para o mar, começou a prestar mais atenção no que acontecia nas estradas. Ele iniciou seus primeiros estudos sobre o assunto em 1995, quando atuava no Rio Grande do Sul. Por lá, chamava a atenção o número impressionante de animais que morriam atropelados na região do Taim. "Eram lontras, capivaras, tartarugas, gatos e muitos cachorros do mato que morriam diariamente na estrada que corta a Estação Ecológica do Taim e seu entorno. Em 2002, iniciamos um estudo que resultou no monitoramento de 150 quilômetros de rodovias e uma taxa de 2,1 animais atropelados por quilômetro por dia, ou mais de 100 mil animais por ano", conta Bager.
Em 2009, ele assumiu a cadeira de Ecologia na Universidade Federal de Lavras (UFLA) e o tema da Ecologia de Estradas tornou-se o eixo central do seu trabalho. Primeiro veio a formação de um grupo de estudos (2009), formado por 5 universidades brasileiras, dedicado a discutir e desenvolver a ecologia de estradas em diferentes regiões do Brasil. O assunto começou a ganhar força e em 2010, quando o grupo realizou o primeiro Congresso Brasileiro de Ecologia de Estradas (Road Ecology Brazil – REB), com uma segunda edição já em2011. Durante a segunda edição do REB Alex criou o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), e ampliou o rol de parcerias com universidades e centros de pesquisa em diferentes países, destacando-se a Argentina, EUA, Portugal, Austrália.
A carência de dados sobre o número de animais atropelados no Brasil vem da falta de sistematização na coleta. Não existe hoje um protocolo para informações dessa natureza, um sistema de monitoramento padrão que permita comparar os dados entre as diferentes regiões do país.
Protocolos são ferramentas comuns no mundo científico e permitem que os especialistas contribuam com seu precioso tijolinho para o grande alicerce do conhecimento. Entretanto, quando falamos da Ecologia de Estradas no Brasil, não é fácil criar um protocolo. Estamos falando de mais de 1,7 milhões de quilômetros de estradas passíveis de serem monitoradas.
Coleta Sistemática
Pensando na miscelânea de fontes de informações, que podem ser coletadas por especialistas, funcionários de concessionárias e até por leigos, Alex está propondo por meio do CBEE (Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas) um protocolo de monitoramento para alimentar o chamado Banco de Dados Brasileiro de Atropelamento de Fauna Selvagem (BAFS), que irá integrar todas essas informações. O piloto desse protocolo já começou a ser colocado em prática por meio do monitoramento de estradas que cortam 20 Unidades de Conservação (federais e estaduais) em todo o Brasil. As atividades de campo estão sendo realizadas pelo corpo técnico dessas UCs, que, ao cadastrar informações, ganham em troca a análise dos seus dados.
Para que o protocolo seja seguido Alex está capacitando os profissionais envolvidos, e nesse momento, percorre o país promovendo oficinas em Unidades de Conservação.
Um dos objetivos do Congresso é debater os impactos dos empreendimentos viários sobre a biodiversidade e encontrar soluções para o problema. A organização de um evento dessa natureza é possível graças a força tarefa dos 21 estudantes de graduação e pós graduação do CBEE, que colaboram desde a logística até a análise dos trabalhos inscritos. A próxima edição do Congresso Brasileiro de Ecologia de Estradas, o REB, já está marcada para acontecer entre os dias 27 e 29 de janeiro de 2014, em Lavras – MG.
Um urubu para ajudar
Em meio a toda essa atividade de pesquisa e coordenação de informação, há um novo e ambicioso plano de Alex e sua equipe: trata-se do aplicativo para celulares "Urubu Mobile".
-- Urubu, o quê?, pergunta quem ouve o nome pela primeira vez.
Alex explica:
-- É um aplicativo para a coleta de dados sobre atropelamento de fauna silvestre desenvolvido para tablets e smartphones, idealizado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas e produzido com o auxílio dos departamentos de Ciência da Computação, Ciências Florestais e Biologia da Universidade Federal de Lavras, além de uma parceria com a Tetra Pak, que também aposta no projeto.
A idéia é simples e ao mesmo tempo fantástica. Qualquer pessoa que tenha um celular inteligente ou tablet poderá baixar o Urubu Mobile e colaborar com a coleta de dados sobre animais atropelados. Ao encontrar um animal morto na beira da estrada, a pessoa abre o aplicativo, fotografa e automaticamente a imagem é georeferenciada e, quando encontrar o sinal de uma rede wireless, é enviada para o Urubu Web. Uma vez no sistema, uma equipe especializada identifica a foto e obtém o registro da espécie. Como o dado fica armazenado no sistema, com a localização exata, impede-se que fotos repetidas sejam computadas como indivíduos diferentes e assim superestimar os dados.
"A idéia é que toda e qualquer pessoa baixe o aplicativo e o utilize por aí: motoristas de caminhão, taxistas, motoristas de ônibus, pessoas que costumam trafegar pelas estradas do país de um modo geral. Em um mundo cada dia mais ligado nas redes sociais, está sendo estabelecida a maior rede colaborativa de monitoramento de fauna que o Brasil já presenciou", diz Alex. "A idéia é que essas pessoas sejam nossos olhos por todo o país e assim tenhamos uma noção um pouco melhor do que realmente acontece Brasil afora." Públicos mais seletos também estão sendo convidados a utilizar o aplicativo, como funcionários das concessionárias que administram algumas rodovias do país e empresas transportadoras.
Em tempos de redes sociais, em que tudo vira notícia, Alex está transformando em uma espécie de jogo um tema difícil: "quem mandar as fotos para nós entra num sistema de pontuação que varia de 'urubu-preto (a espécie mais comum) até urubu-rei (o mais raro dos Cathartideos)", diz. O princípio é que nas redes sociais status vale mais do que prêmio.
"Sabemos muito pouco sobre os atropelamentos de fauna no país, então o que vier é lucro. Se aumentarmos o volume de dados em 10% já vamos dar um salto enorme", diz Alex. Com a melhora dos dados será mais fácil propor medidas que reduzam o número estratosférico de animais atropelados anualmente no Brasil.
"Contudo", diz Alex, "entender o impacto e reduzi-lo são coisas diferentes. Precisamos de vontade política, engajamento e parceiros envolvidos tanto quanto de informações".
Clique para ampliá-las e ler as legendas
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17 de set. de 2013

AZEITE DE DENDÊ EM APLICAÇÕES DIVERSAS NAS INDÚSTRIAS, AMEAÇAM PRESERVAÇÃO DA FAUNA NA ÁSIA

[Texto completo, em inglês, em: http://www.saynotopalmoil.com/palm-oil.php]

O vídeo do Greenpeace, abaixo, ilustra uma dessas aplicações do dendê ("palm oil", em inglês). "Um crime, contra os orangotangos e fauna em geral, na Indonésia, Malásia, Sumatra e Bornéu.

https://www.youtube.com/watch?v=qa_29M4NnJw&feature=youtube_gdata_player



A pequenina Jessica é uma das vítimas
do tráfico no sudeste asiático


O azeite de dendê vem substituindo diversos componentes, como óleo de côco e manteiga de cacau, tradicionalmente utilizados nas indústrias alimentícia, de cosméticos e produtos de limpeza.

Como bem afirma a publicação acima mencionada (do site "saynotopalmoil"), esse composto "se esconde" sob 30 diferentes denominações (a saber, em inglês):

30 NAMES PALM OIL CAN BE LABELLED UNDER

Foods, Body Products, Cosmetics & Cleaning Agents:
-Vegetable Oil-Vegetable Fat
-Sodium Laureth Sulfate (in almost everything that foams) ^

-Sodium Lauryl Sulfate ^-Sodium Dodecyl Sulphate (SDS 
or NaDS) ^
-Palm Kernel#
-Palm Oil Kernel #
-Palm Fruit Oil #
-Palmate #
-Palmitate #
-Palmolein #
-Glyceryl Stearate #-Stearic Acid #-Elaeis 

Guineensis #-Palmitic Acid #-Palm Stearine #
-Palmitoyl oxostearamide #
-Palmitoyl tetrapeptide-3 #
-Steareth -2 *-Steareth -20 *
-Sodium Kernelate #
-Sodium Palm Kernelate #
-Sodium Lauryl Lactylate/Sulphate *

-Sodium Lauryl Sulfoacetate ^-Hyrated Palm Glycerides #-Sodium 
Isostearoyl Lactylaye ^
-Cetyl Palmitate #-Octyl Palmitate #-Cetyl Alcohol ^-Palmityl 

Alchohol #    
      
    
# These ingredients are definitely palm oil or derived from palm
 oil.
* These ingredients are often derived from palm oil, but could be derived 
from other vegetable oils.
^ These ingredients are either derived from palm oil or coconut oil.                       








15 de set. de 2013

ESTADO DO ACRE: PECUÁRIA E MADEIREIRAS EM CONTÍNUA EXPANSÃO

[Vejam porque devemos estar atentos às avaliações de conjuntos, sobre desmatamento na Amazônia; e não nos deixarmos influenciar sobre dados esparsos, pontuais de  "redução de desmatamento", comumente mostrados pelo governo. Reportagem completa sobre este estudo do pesquisador da Universidade Federal do Acre, em entrevista, pode ser  acessada em:

“Pecuária e exploração madeireira triplicaram no Acre em uma década”, diz pesquisador da Ufac

A editora da Universidade Federal do Acre (Ufac) lançou durante a semana, em Rio Branco, a segunda edição, em formato digital, do livro “(Des) envolvimento insustentável na Amazônia Ocidental”, de autoria do professor e pesquisador Elder Andrade de Paula.
Resultado de uma tese de doutorado defendida em fevereiro de 2003 na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o livro pode ser considerado um divisor de águas no debate regional sobre sustentabilidade.
A ideologia do desenvolvimento sustentável passou a ser confrontada no Acre de forma contundente com os “dados da realidade”, segundo o autor, “reveladores da persistência estrutural de um estilo de desenvolvimento cronicamente insustentável”.
O professor afirma que tem havido brutal reconcentração da propriedade das terras de domínio privado no Acre e que as linhas de crédito oficiais, bem como os programas de investimento mais expressivos no Estado, servem para mostrar como se articulam as economias que denomina de “marrom” e “verde” na espoliação da região.
- As duas atividades mais predatórias, pecuária extensiva de corte e exploração madeireira, triplicaram em apenas uma década. O rebanho bovino passou de 800 mil cabeças para 3 milhões e a exploração madeireira de 300 mil metros cúbicos por ano para mais de 1 milhão de metros cúbicos por ano. Somente nas áreas exploradas com os tais planos de manejo florestal sustentável foram mais de 755 mil metros cúbicos de madeira em tora – acrescenta Elder de Paula.
[...]
- O aparato de propaganda governamental buscou imprimir uma marca regional a algo absolutamente estranho a ela – a ideologia do desenvolvimentos sustentável. Na atualidade seria mais apropriado usar a expressão florestaria, isto é, floresta para as serrarias – critica o professor.
[...]

12 de set. de 2013

A "COMANDANTE DA BANCADA RURALISTA" NÃO DESCANSA ENQUANTO NÃO TIVER TODAS AS TERRAS COBERTAS POR PLANTAÇÕES E PASTAGENS!!!

[Recebi esta mensagem da coordenação do Greenpeace e repasso, pela relevância no que diz respeito às constantes ameaças e ações negativas perpetradas por ruralistas gananciosos]

Olá, Breno!

Na semana que passou, Kátia Abreu (PSD-TO) voltou a atacar publicamente os direitos indígenas às suas terras ocupadas tradicionalmente. Há mais de 500 anos, quando os colonizadores portugueses chegaram ao Brasil, os índios eram vistos com o mesmo olhar conservador expresso no último sábado (7), em pleno século XXI, pela digníssima senadora da República, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo.

Com argumentos retrógrados e preconceituosos, que representam total desconhecimento sobre a cultura e a História do Brasil, a Senadora (eleita para representar os interesses de todo povo brasileiro) insiste numa cartilha desatualizada, com os mesmos velhos argumentos usados na batalha para destruir o Código Florestal em 2011.

E a mesma história se repete: tanto durante a disputa pelo Código Florestal como agora com o ataque aos direitos indígenas, os ruralistas liderados por Kátia Abreu mostram as garras em Brasília e, no campo, os índices de desmatamento voltam a crescer.

Nesta terça-feira (10/09/2013), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou os dados do sistema Deter, que mostrou uma perda florestal de 2765,6 km2 de agosto de 2012 a julho de 2013. Isso significa uma tendência de aumento do desmatamento de 35% com relação ao período anterior. É a consolidação, na prática, da ofensiva que se abre no Congresso, que busca ampliar a oferta de terras ao excludente modelo do agronegócio nacional.

A face da bancada ruralista, da qual Kátia Abreu é representante de peso, é o retrato anacrônico do Brasil feudal nos tempos em que o Brasil novo, aquele que mostrou as caras nas ruas no último mês de junho, clama por uma mudança urgente nas práticas de se fazer política e no modelo de desenvolvimento, que ainda promovem a exclusão de milhares de brasileiros.

Se você, como nós, também quer que o Brasil seja a vanguarda econômica, social e ambiental do mundo, continue conosco e compartilhe o projeto de lei pelo Desmatamento Zero. Diga à Kátia e seus comparsas que queremos e vamos lutar por um novo Brasil, onde preservação do meio ambiente e inclusão social estarão na ordem do dia.

Abraços,
Danicley de Aguiar
Coordenador da Campanha Amazônia
Greenpeace

11 de set. de 2013

VINHO TINTO E SAÚDE.

Mito ou realidade: vinho tinto faz bem à saúde?

10 set 2013 [Reproduzido de BBC Brasil]

Há alguns anos se divulga que uma dose moderada de vinho tinto todos os dias faz bem à saúde. Não só para combater o câncer, mas também para reduzir o colesterol e evitar coágulos nos vasos sanguíneos.

Mas estudos recentes questionam as evidências destes benefícios e apontam que eles podem estar restritos a vinhos caseiros ou fabricados seguindo um modo de produção tradicional.

Embora os cientistas concordem que o consumo moderado de vinho tinto possa ajudar a proteger o coração, reduzir o colesterol "ruim" e prevenir o entupimento das veias e artérias, há divergências sobre o que está por trás desses benefícios.

Recentemente, um grupo de cientistas tentou descobrir por que o vinho tinto caseiro feito no Uruguai é tão saudável e chegou a sequenciar o código genético da uva Tannat, usado na produção do vinho.

Os especialistas identificaram uma alta quantidade de procianidina, uma classe de flavonoide, compostos químicos encontrados em frutas, vegetais, chás, cereais, cacau e soja com benefícios antioxidantes e para prevenção ao câncer que vêm sendo estudados há anos.

Roger Corder, professor de terapias experimentais da Universidade Queen Mary, de Londres, é autor do livro The Red Wine Diet (A Dieta do Vinho Tinto, em tradução livre) e esteve por trás do estudo que pesquisou o vinho tinto uruguaio.

Ele confirma que a uva Tannat contém um nível três ou quatro vezes maior de procianidinas do que a uva Cabernet Sauvignon.

O pesquisador diz que estes compostos, aliados aos taninos (que combatem o envelhecimento das células e também são encontrados no vinho) seriam os grandes responsáveis pelos efeitos positivos do vinho tinto sobre a saúde.

Resveratrol

Outros cientistas apontam para o papel do resveratrol, um composto encontrado na casca das uvas vermelhas.

Saudado durante muitos anos como uma espécie de substância milagrosa, o resveratrol é um composto que, segundo os cientistas, poderia retardar o envelhecimento e combater o câncer e a obesidade.

Até o momento, estudos feitos em laboratório revelaram resultados animadores em testes com camundongos, mas ainda não foram encontradas evidências sobre a eficiência do composto em humanos.

Na Universidade de Leicester, na Inglaterra, testes com ratos indicaram que dois copos de vinho por dia podem reduzir a incidência de tumores nos intestinos - e o cientistas estudam maneiras de desenvolver o resveratrol como um composto isolado, para ser ingerido individualmente como uma droga para prevenir o câncer.

Entretanto, para Roger Corder, da Universidade Queen Mary, de Londres, há pouca evidência sobre a importância do resveratrol. [Obs.: neste aspecto, acho importante ver alguns trabalhos divulgados no "Publications in Medicine" (www.pubmed.org)].

"É um mito que o resveratrol tenha qualquer coisa a ver com os benefícios do vinho tinto à saúde. A maioria dos vinhos tintos contém quantidades insignificantes de resveratrol e aqueles que possuem um pouco não contêm o suficiente para fazer qualquer efeito", diz.

Ele diz que são as sementes, e não a casca da uva, que contêm o segredo do vinho tinto. [Obs.: e agora, pergunto "porque não tomar um suco preparado a partir da maceração da uva inteira (incluindo casca e sementes)???].

Quando as uvas são fermentadas por diversas semanas ou mais, as sementes podem liberar flavonoides que evoluem como moléculas mais complexas.

Mas a má notícia é que isso não acontece com todos os vinhos, diz o cientista, sugerindo que os grandes benefícios da bebida podem ser restritos a um modo de produção mais tradicional – semelhante ao vinho tinto caseiro uruguaio.

"A maior parte dos vinhos modernos não usa esta técnica durante a fabricação", afirma o cientista, reforçando a necessidade do consumo moderado.

"É muito difícil dizer que o vinho é uma bebida saudável quando as pessoas consomem muito álcool, na hora errado do dia e sem comer".

Câncer

Para Emma Smith, do Cancer Research UK, centro britânico de pesquisas para o câncer, é um erro tomar vinho tinto achando que isto fará bem à saúde.

"O vinho tinto contém uma quantidade muito pequena de resveratrol e as pessoas não deveriam beber vinho com a intenção de obter benefícios para a saúde", diz.

Ela ressalta que tradicionalmente o álcool tem uma ligação negativa com o câncer.

"É importante relembrar que, mesmo em quantias moderadas, o álcool aumenta o risco de vários tipos de câncer e estima-se que seja a causa de cerca de 12.500 casos de câncer na Grã-Bretanha todos os anos".