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23 de dez. de 2018

RIOS BRASILEIROS EM DEGRADAÇÃO



Reproduzido de:
https://marsemfim.com.br/colapso-dos-rios-brasileiros/ Leia em Jornais Brasileiros http://www.jornaisbrasileiros.net.br/descargar/ @jornaisapp

Esta matéria  tem o objetivo de  comentar a sorte dos maiores RIOS QUE DESÁGUAM NA COSTA BRASILEIRA. Cem por cento deles estão contaminados por poluição, e 99%, completamente assoreados, já não se prestam à navegação.  Outro problema dramático é a falta de educação da população. Das classes mais abastadas, portanto em condições de se informar, às mais baixas, quase todos jogam lixo nas ruas, riachos, rios, ou espaços públicos como praias. O resultado é assustador,  réquiem para os rios brasileiros.

19 de dez. de 2018

BNDES: UM BANCO SOCIAL QUE PARECE TER POUCO INTERESSE NA PRESERVAÇÃO DA AMAZÔNIA

Reproduzido de: 


Durante mais de uma década, o BNDES concedeu crédito, comprou títulos e participação no capital das grandes empresas abatedouras de gado na Amazônia. Segundo dados do banco, entre 2005 e 2016 foram desembolsados R$ 31,2 bilhões para o setor de proteína animal. Apenas os grupos JBS, Bertin e Marfrig, fortes na Amazônia, receberam R$16,2 bilhões, ou 52% destes recursos. Tal volume e concentração de crédito seguiram a política do BNDES de formar campeões nacionais da indústria. De fato, nesse período, o JBS comprou o Bertin e se expandiu pelo mundo, enquanto sua receita anual subia de R$4 bilhões para R$170 bilhões.
A partir de 2009, investigações do Greenpeace e do Ministério Público Federal mostraram a ligação entre a pecuária e o desmatamento na Amazônia. Ficou demonstrado que pastos ocupavam 65% da área total de floresta perdida e que a carne de desmatamento passava por grandes empresas frigoríficas e chegava a supermercados nos maiores centros do país. A partir da prova desta ligação, Greenpeace e MPF obtiveram de grandes frigoríficos acordos para não comprar gado de desmatamento. Em paralelo, o BNDES ensaiou exigir de fazendas e frigoríficos regras ambientais ainda mais duras para fechar operações financeiras. Entretanto, não cumpriu o que prometeu.
"O investimento do banco concentrou o setor para, supostamente, melhorar a qualidade. Esse poder da concentração deveria também ser usado para estimular a sustentabilidade de toda a cadeia, inclusive da fazenda. Como banco público, o BNDES poderia ter liderado o setor bancário para coordenar a solução," diz Paulo Barreto, pesquisador sênior da ONG Imazon.

11 de nov. de 2018

NOVO GOVERNO, NOVA MINISTRA DA AGRICULTURA E...O QUE ACONTECERÁ COM A AMAZÔNIA!?

Tão logo foi indicada a nova Ministra da Agricultura, vem alguém e me pergunta: a Amazônia correrá riscos de devastação?
Sai governo entra governo e a preocupação sempre será crescimento ilimitado; ou seja, agronegócio sempre predominará. “Tal crescimento indiferenciado e ilimitado é considerado essencial por praticamente todos os economistas (exceto Herman Daly) e políticos, apesar  de que nos dias de hoje deveria ser mais do que suficientemente claro que a expansão ilimitada em um planeta finito só pode levar ao desastre”, observação de Fritjof Capra e Pier Luigi Luisi, em sua recente publicação A Visão Sistêmica da Vida. Concordo com esses autores mencionados.
Eis, resumidamente, minha opinião.
Há uma “montanha” de relatos, discussões e vários artigos sobre a problemática da Amazônia.
Eu mesmo já postei um sem número desse material informativo no meu blog ecologiaemfoco. Destaco alguns, que eu, sem nenhum “expertise” sobre os mais de 5 milhões de km2 da Amazônia Legal, considero importantes, pelas informações que já colhi:
1. Todo o gado da Amazônia poderia ser mantido em 1/3 da área hoje com rebanho.
2. Levar cana-de-açúcar e soja para lá, é uma temeridade.
3. A Embrapa Meio Ambiente já destacou que há grandes possibilidades de aumento da produção agropecuária com aplicações tecnológicas disponíveis no Brasil.
4. Recuperação de solos degradados deve ter prioridade de financiamento sobre novas áreas devastadas.
5. Desmatar florestas onde há extrativismo produtivo só porque há grandes extensões de reservas florestais e indígenas, parece ser um tanto quanto estúpido! E também é preciso ver se há necessidade real de destinar novas áreas de floresta para esses fins de preservação; embora seja importante considerar que em solos pobres de nada adianta substituir florestas por cultivo nem pastagem! Em resumo: saber distinguir entre conservação e preservação é crucial.
6. Nunca se deve esquecer de que as chuvas que caem no sudeste e sul do Brasil vêm predominantemente da Amazônia. “Rios voadores” é uma realidade científica:
https://youtu.be/jT0FgvjRthY
7. A consorciação Floresta-Lavoura-Pastagem já é praticada e incentivada  por lei. E vem dando resultados altamente positivos para produção e conservação. Pecuaristas particulares (e não governo!) já comprovam.
8. Comparar extensões de terras cultivadas no Brasil, tendo pouco mais de 200 milhões de pessoas, com China e Índia, cada uma com mais de 1 bilhão... ou mesmo com os Estados Unidos, com 330 milhões... é um equívoco enorme!
Venho acompanhando o andamento de grande parte desse nosso fabuloso patrimônio natural em vários “sites” (amazonia.org; Imazon; INPE; oeco.org...) e nas publicações da Embrapa e na revista Biotaneotropica da FAPESP (nesta é intensivamente contemplado o Novo Código Florestal Brasileiro e seus “pepinos”).
A situação é complexa, mas já temos bons “experts” em lidar com seus amplos temas.
Agronegócio na Amazônia fundamentado na concepção única e exclusiva dos donos do negócio...é assustador!
Oremos!!!

8 de nov. de 2018

1/3 DA VEGETAÇÃO NATIVA DO BRASIL ESTÁ EM ÁREAS POBRES

Reproduzido de O ESTADÃO



Dado faz parte de diagnóstico da biodiversidade apresentado nesta quinta-feira por cientistas brasileiros; relatório procura dar subsídio à tomada de decisões


Um terço da cobertura vegetal nativa do Brasil está concentrada em áreas pobres, que deveriam ser consideradas prioritárias para a conservação de espécies. Esse e outros dados fazem parte de um diagnóstico sobre a biodiversidade do País, apresentado nesta quinta-feira, 8, por cientistas brasileiros. O documento reúne informações para dar subsídio à tomada de decisão de gestores nessa área. 
O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo, mas enfrenta desafios. "A situação se agravou nos últimos dez anos. Os principais causadores dessa perda ainda são a mudança do uso da terra, que leva à degradação ambiental, e, mais recentemente, as mudanças climáticas", explica Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES), responsável pelo documento.  
Nesta quinta-feira, uma versão resumida do 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos foi apresentada no Museu do Amanhã, no Rio. O trabalho, desenvolvido por dezenas de cientistas de diferentes áreas do conhecimento e várias partes do país, se inspira na iniciativa internacional de mapeamento do setor, o Painel Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Ecossistema, coordenado por quatro agências da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Pobreza verde

A publicação brasileira compila informações e pesquisas sobre cobertura vegetal, culturas agrícolas, qualidade das águas, além da diversidade cultural do País. Um mapa da "pobreza verde" faz parte da publicação. Com base em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o mapeamento mostra áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade. 
São 398 municípios que reúnem três características: b aixa renda, alta cobertura vegetal nativa e alta vulnerabilidade às mudanças climáticas. Segundo a pesquisa, mais de um terço (36%) da cobertura vegetal nativa do Brasil se concentra em 7% dos municípios brasileiros - e essas cidades abrigam 22% da população “
 brasileira.
Espalhadas pelos biomas da AmazôniaCerrado Caatinga, as localidades têm um desafio pela frente: tirar suas populações da pobreza mantendo a floresta de pé. "Como as pessoas podem sair da pobreza não às custas da natureza, mas a partir dela? Não tem receita de bolo, mas mostramos opções que talvez precisem ganhar escala", diz o professor da UFRJ Fábio Scarano, que também coordena a BPBES.  
Entre os municípios prioritários, a maior parte deles está localizada na Caatinga - um dos biomas mais destruídos e que, paradoxalmente, recebe menos atenção. Fora da Amazônia, a maioria (62%) dos pontos estratégicos não tem áreas de proteção ambiental, de acordo com a pesquisa.  
“Mesmo biomas que considerávamos pouco alterados, como dos Pampas e da Caatinga, isso na verdade se devia à falta de conhecimento. Eles que estão passando por processos (de alteração) distintos, porque não são formações florestais como a Amazônia e a Mata Atlântica, mas que têm consequências desastrosas do ponto de vista biodiversidade”, diz Joly.  

'Pedra no sapato'

Um dos objetivos do relatório, segundo os pesquisadores, é apresentar a biodiversidade não como uma “pedra no sapato” da economia brasileira, mas como um ativo. Para isso, o estudo também reúne informações sobre oportunidades que advém da diversidade brasileira.  
De acordo com a pesquisa, mais de 245 espécies da flora do País são base de produtos cosméticos e farmacêuticos e ao menos 36 espécies botânicas nativas possuem registro de fitoterápicos. A conservação da biodiversidade tem impacto, ainda, nos cultivos. Das 141 culturas agrícolas analisadas no País, 85 dependem de polinização por animais, de acordo com o documento.  
“É uma coisa sistêmica no Brasil: a biodiversidade, os recursos naturais de modo geral, são tratados como um problema, quando no fundo são a solução”, diz Scarano. Para os pesquisadores, a época, pós-eleições, é propícia à discussão. "Estamos em um momento de renovação de governadores, de boa parte do Congresso Nacional, do governo federal. É a hora de buscar interlocutores, mostrar o trabalho que foi realizado e avançar", diz Joly. 
Procurado na quarta-feira, 7, antes da divulgação oficial do documento, o Ministério do Meio Ambiente informou que não poderia comentar o estudo sem ter conhecimento completo dos dados.   

22 de out. de 2018

O DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA NÃO PARA. INDEPENDENTEMENTE DE QUAL GOVERNO!!!


Reproduzido de 

No meu entendimento, há algo de faccioso nas declarações do tipo “desmatamento na Amazônia está diminuindo”.
Se fôssemos acreditar, numa sequência de, por exemplo 10 notícias desse tipo, o desmatamento já teria se reduzido a zero!


Fonseca, A., Justino, M., Cardoso, D., Ribeiro, J., Salomão, R., Souza Jr., C., & Veríssimo, A. 2017. Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (dezembro de 2017) SAD (p. 1). Belém: Imazon.
Em agosto de 2018, o SAD detectou 545 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, com aumento de 199% em relação a agosto de 2017, quando o desmatamento somou 182 quilômetros quadrados. Em agosto de 2018, o desmatamento ocorreu no Pará (37%), Mato Grosso (20%), Amazonas (19%), Rondônia (16%), Acre (7%), Roraima (1%) e Tocantins (<1 118="" 2017="" 2018="" 392="" 70="" a="" agosto="" amaz="" apresentando="" de="" degrada="" degradadas="" detectada="" do="" e="" em="" estados="" florestal="" florestas="" foi="" legal="" mato="" metros="" na="" nbsp="" nia="" nos="" o="" p="" par="" quadrados.="" quadrados="" quando="" quil="" redu="" rela="" rond="" rosso="" s="" somaram="" totalizou="" uma="">
Geografia do Desmatamento
Em agosto de 2018, a maioria (55%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado nos Assentamentos de Reforma Agrária (23%), Unidades de Conservação (18%) e Terras Indígenas (4%).

16 de out. de 2018

INCÊNDIOS NA FLORESTA AMAZÔNICA SÃO OS QUE MAIS GERAM CO2

Incêndios na Amazônia são piores para o clima que em outras florestas
https://revistagalileu.globo.com/galileu-e-o-clima/noticia/2018/10/incendios-na-amazonia-sao-piores-para-o-clima-que-em-outras-florestas.html





Entre os anos de 2015 e 2016, o El Niño, fenômeno em que mudanças de temperatura do Oceano Pacífico embaralham todo o clima, provocou uma seca na Amazônia que, como consequência, pegou fogo, destruindo uma área de quase 1 milhão de hectares. Uma pesquisa recentemostra que a catástrofe, além de dizimar a biodiversidade, causou impactos maiores do que o previsto inicialmente.

De acordo com um artigo publicado na revista Philosophical Transactions da Royal Society B, em florestas tropicais úmidas, como a Amazônia, quando estão muito secas, o fogo não fica somente na copa das árvores, e chega ao solo, o que acaba provocando a emissão de muito mais CO² do que à média dos incêndios florestais pelo mundo.

27 de set. de 2018

A MATA ATLÂNTICA ESTÁ EM PROCESSO DE DEGRADAÇÃO PELA REDUÇÃO DE SUA FAUNA

Reproduzido de

Os pesquisadores analisaram informações sobre fauna encontrada em quase 500 remanescentes da floresta, publicadas desde a década de 1980 para comparar com dados históricos sobre a fauna. Depois, mapearam as informações com base nas regiões, delimitadas pelas bacias hidrográficas e em sete grupos funcionais das espécies (que vão desde folívoros à hipercarnívoros – que possuem mais de 70% da dieta composta por carne).
Blocos de Mata Atlântica que se estendem desde o sul de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul ainda possuem maior quantidade de médios e grandes mamíferos. “A gente imagina, embora não tenha medido, que nesses corredores das escarpas das Serras Geral e do Mar ainda existem condições da fauna se manter viável e servir de fonte para locais próximos”, afirma o biólogo Juliano André Bogoni, um dos autores do artigo.
Os mapas mostram que nas regiões mais ao sul e ao norte da Mata Atlântica, a defaunação é mais grave. Embora, indiquem a presença herbívoros em florestas ao sul, nestas regiões os dados indicam pouca presença de predadores de topo, onças-pintadas e onças-pardas. Entre os fatores que podem contribuir para essa diferença, segundo Bogoni, estão o histórico de ocupação, população original de animais e tamanho dos fragmentos florestais.
O biólogo, que pesquisador de pós-doutorado na Universidade de São Paulo em colaboração a University of East Anglia, Reino Unido, explica que as análises indicaram que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a renda per capita e tamanho dos fragmentos interferem na presença da fauna. Mas segundo ele, embora haja uma tendência de regiões mais pobres manterem menos animais nas matas, esse fator não é determinante, pois existem áreas com IDH mais elevados com florestas vazias. De acordo com ele, não é possível isolar cada um desses favores, mas a cobertura de vegetação é o que mais contribui para manter a fauna.
“Essas florestas vazias, onde a defaunação não é por perda de habitat, mas por outro fator, provavelmente a caça”, avalia Bogoni. “ A caça é histórica, em 500 anos nunca cessou”, completa. De acordo com ele, o estudo permite mapear áreas mais críticas para a conservação e também para políticas públicas mais robustas. “A gente mostrou entre os grupos funcionais aqueles que mais sucumbem à defaunação, onde mais sucumbem. Isto dá um embasamento para políticas públicas de conservação, onde agir melhor, em que grupos e de que forma”, destaca.
O ARTIGO ORIGINAL PODE SER ACESSADO EM:

23 de set. de 2018

ÚLTIMAS ÁRVORES GIGANTES DA MATA ATLÂNTICA (PROVAVELMENTE)

https://www1.folha.uol.com.br/




Transcrito de:  FOLHA DE SÃO PAULO 
A exuberância das árvores gigantes chama a atenção do botânico Ricardo Cardim desde que ele era criança. “Sempre as achei fascinantes e pensava como é que podiam crescer tanto”, conta. “Mas elas foram sumindo. São uma sombra da floresta original. Hoje temos árvores jovens que não tiveram tempo de crescer.”
Nos últimos três meses, Cardim e o fotógrafo Cássio Vasconcellos viajaram para Santa Catarina, Paraná, São Paulo (litoral e interior do estado), Espírito Santo, Bahia e Alagoas em busca das árvores gigantes remanescentes da mata atlântica
Para achá-las, a dupla contou com a ajuda de acervos históricos, botânicos com grande experiência de campo, funcionários de parques e reservas e dicas via redes sociais. O botânico Luciano Zandoná esteve em todas as expedições.
A menina dos olhos do botânico é uma figueira, a maior de que se tem conhecimento na mata atlântica, com mais de 40 m de altura e 21,40 m de circunferência, localizada na reserva Legado das Águas, da Votorantim, no estado de São Paulo. Cardim descreve como surreal encontrá-la a apenas cerca de 90 km da capital paulista, após percorrer 11 km de caminhada dentro da reserva.
Outro grande achado —literalmente— foi a segunda maior árvore do estado de São Paulo, um jequitibá-rosa com mais de 40 m de altura batizado de Matriarca, por ficar próximo do jequitibá-rosa conhecido como Patriarca. Esse último, em Santa Rita do Passa Quatro (SP), é considerado a árvore mais antiga do Brasil, com idade estimada de 3.000 anos.
A  descoberta do Matriarca foi feita em conjunto com Waldonésio Nascimento, agente do parque estadual do Vassununga, e Fabrício Cunha, gestor do parque da Fundação Florestal.
Completa o top 3 a maior árvore conhecida de pau-brasil do país, com cerca de 25 metros de altura. A árvore que deu nome ao país começou a ser explorada com a chegada dos portugueses e chegou a ser considerada extinta. 
Para Cardim, as árvores remanescentes contam uma história da mata atlântica. “Muita gente hoje acha que a mata é só um fragmento perto da casa de praia”, diz ele.
No ano passado, Cardim foi o curador da exposição “Remanescentes da Mata Atlântica & Acervo MCB” no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. A ideia era conectar os móveis antigos com as árvores que deram origem a eles. Fotos antigas da mata contam a história dela e de seu desmatamento.
A própria localização do museu, às margens da antiga várzea do rio Pinheiros, abrigava formações florestais de matas ciliares em diques úmidos e secos que foram suprimidas e aterradas.
“Na exposição, muita gente me perguntava se ainda existiam muitas das árvores centenárias retratadas nas imagens. E não se sabia. Faltava preencher essa lacuna.”
A expedição foi possível graças a quatro patrocinadores: Fibria Celulose, Reservas Votorantim, Viveiros Fábricas de Árvores e Café Orfeu. O retrato das árvores centenárias remanescentes virará um livro, a ser lançado em novembro pela editora Olhares. 

19 de set. de 2018

“PERMAFROST” E O AQUECIMENTO GLOBAL: NOVAS REVELAÇÕES


Vejamos, inicialmente, como o ecossistema do “permafrost” é conceituado no GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA (disponível em pdf neste blog):

“PERMAFROST”
Solo com água, quase permanentemente congelada, estando sob a forma líquida em período
muito curto do ano, típico da região ártica, sobre o qual ocorre a tundra.
Observações sobre a preservação do “permafrost” diante das evidências atuais do aquecimento
global vêm mostrando que os 3,35 m superiores do solo da tundra onde ocorre o “permafrost” vem
apresentando buracos devido ao derretimento do gelo nele contido. Estima-se que dos 10.359.000 km2
cobertos por “permafrost” somente 1.035.00 km2
Ártico estejam carregando para o mar 7% mais água doce do que carregavam em 1930. A maior
preocupação, no entanto, reside no fato de que grandes quantidades de metano e dióxido de carbono serão
emanadas para a atmosfera, em consequência do derretimento do gelo, uma vez que entre 20% e 60% do
carbono dos solos do mundo estão ali retidos.
As mudanças climáticas não vêm sozinhas. Uma consequência leva a outra, que leva a outra, em um efeito em cascata que, no final, tornam o problema bem pior que o inicial. Alguns são conhecidos pela ciência, como, por exemplo, se uma espécie de planta ou animal morre devido à alterações em seu habitat, a decomposição libera metano e carbono na atmosfera e, em larga escala, intensifica o processo.
Algumas delas, no entanto, ainda são um mistério - e conforme avançam as pesquisas sobre o aquecimento global, cresce a urgência para a adoção de medidas mais drásticas para impedir que a temperatura do planeta continue subindo. Dessa vez é um grupo de pesquisadores de instituições canadenses que trazem as más notícias.
Uma das principais preocupações dos cientistas está no extremo norte da Terra. O gelo começou a derreter até em alguns dos cantos mais frios do planeta, com uma reação de impactos que atinge todo o planeta.
O derretimento do permafrost, solo que passa longos períodos congelado, em alguns lugares desde a última Era Glacial, esconde uma camada espessa de sedimento contendo grandes quantidades de metano na forma de hidratos de metano sólidos. Estes têm uma estrutura de cristal em forma de gaiola na qual as moléculas de metano são cercadas por gelo.
A liberação da pressão, sem o peso do gelo, permite que os hidratos se desintegrem e se transformem em metano gasoso, que borbulha através da coluna de água em plumas intensas e é liberado para a atmosfera. Embora o metano permaneça na atmosfera por cerca de uma década (ao contrário do CO2, que pode durar séculos), ele captura calor 23 vezes mais eficientemente por molécula do que o dióxido de carbono.
De acordo com o estudo canadense, publicado Geophysical Research Letters, há mais um efeito nefasto do derretimento do permafrost. Em pesquisas deste tipo de solo no oeste do Canadá, onde o permafrost contém minerais de sulfeto, o derretimento faz com que se misture com a água, e na reação, vira ácido sulfúrico.
Conforme essa água ácida escorre, acaba erodindo as rochas e liberando na atmosfera dióxido de carbono que estava aprisionado nelas. De acordo com os pesquisadores, no entanto, é impossível dizer quanto está sendo liberado.  Há poucos estudos sobre a  composição química do permafrost ou sobre a distribuição de sulfetos no ártico.
"Podemos controlar muitas fontes de CO2 para a atmosfera, causadas por atividades humanas, como combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra", disse o autor Scott Zolkos, da Universidade de Alberta, à New Scientist. “Mas uma vez que o permafrost começa a descongelar e liberar CO2 e metano, isso está além do nosso controle. Não é como se pudéssemos colocar uma manta térmica gigante no Ártico.”

9 de set. de 2018

GLIFOSATO LIBERADO: BOA SORTE A TODOS QUE CONSOMEM ALIMENTOS, PRINCIPALMENTE DA SOJA



O presidente do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), Kássio Marques, aceitou, nesta segunda-feira (3), recurso contra liminar da Justiça Federal que suspendia o registro do Glifosato e demais agrotóxicos até a conclusão da análise de toxicidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a decisão do TRF, os agrotóxicos voltam a ter o uso liberado nas plantações brasileiras.
Para Alan Tygel, da coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, a queda da liminar representa um risco para a população: 
“A gente tem aí desde 2015, que a Organização Mundial da Saúde, através da sua agencia de câncer, classifica o Glifosato como um agrotóxico provavelmente cancerígeno, o que indica que já existem pesquisas sólidas o suficiente para associar o Glifosato ao câncer”.
Além do câncer, pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os agrotóxicos são associados a diversos outros problemas, resultado tanto do contato direto do trabalhador da lavoura com o produto quanto do consumo do alimento. 
Outra questão são as doenças que só se manifestam anos após a ingestão dos agrotóxicos, como o próprio câncer e problemas hormonais. Dentro deste contexto, Alan Tygel explica que é importante a Anvisa fazer a reavaliação do registro dos herbicidas:
“Isso é uma das aberrações que a gente tem hoje na nossa lei, que, ao contrário de outros países no mundo, quando o agrotóxico é registrado aqui, o registro vale para sempre. Então esse processo é a forma de rever uma substância e inclusive analisar se, com os avanços da ciência, ela continua de acordo com a legislação", aponta. 
A Advocacia-Geral da União, autora do recurso aceito pelo TRF, justifica a ação ao alegar que a suspensão do Glifosato traria sérios riscos à economia. O herbicida é um dos mais utilizados pelo agronegócio corporativo e sua proibição afetaria o período da safra, iniciada na segunda-feira. Já para Alan Tygel, o argumento vai contra o chamado “princípio  da precaução”: 
“Se há dúvidas, então que se pare de usar até que se termine, que se tenha algum tipo de conclusão e aí se decide se tem ou não continuidade do uso”.
Aplicado principalmente na produção de soja, produto de maior exportação no Brasil, o Glifosato faz parte da lista dos quase 400 agrotóxicos usados nas lavouras do país. Sua proibição causaria impacto nos lucros da indústria do agronegócio, modelo de negócios seguido no país. 
“A forma como se desenvolveu o modelo de agricultura no Brasil colocou nosso país completamente dependente das empresas transnacionais, tanto das que fornecem as sementes quanto as que fornecem os agrotóxicos”, critica Tygel. 
Para contrapor a utilização de agrotóxicos nas lavouras brasileiras, a alternativa apontada por Tygel e defendida pelos movimentos sociais é apostar em outros modelos de produção que forneçam à população uma alimentação saudável e sem dependência de multinacionais, como é o caso da agroecologia.
Edição: Diego Sartorato

24 de ago. de 2018

EM SÃO PAULO O MAIOR RESERVATÓRIO DE ÁGUA (CANTAREIRA) ESTÁ COM 38% DE SUA CAPACIDADE MÁXIMA

...E AS CHUVAS QUE DEVERIAM VIR DA AMAZÔNIA...

Reproduzido de:

http://amazonia.org.br/2018/08/floresta-amazonica-reduz-capacidade-de-absorcao-de-carbono-chegando-a-quase-zero/



As pesquisas na região mostram que a Amazônia é um ecossistema altamente crítico no clima global, controlando o ciclo hidrológico, a chuva sobre a própria Amazônia e sul do Brasil, e que armazena uma quantidade enorme de carbono. A ciência estima que a Bacia Amazônica abrigue 16 mil espécies de plantas arbóreas. Já se sabe também que a estação seca na Amazônia está se ampliando em seis dias por década, o que pode parecer pouco, mas é uma alteração significativa.
Segundo o coordenador do workshop e professor da Universidade de São Paulo, Paulo Artaxo, a floresta amazônica até cerca de 10 a 20 anos fazia um serviço ambiental muito importante de reter todos os anos meia tonelada de carbono por hectare. Este serviço ambiental agora está indo para zero.
“Nosso medo é que, a partir de agora, a floresta, além de perder carbono para a atmosfera, e como ela corresponde a dez anos da queima de combustíveis fósseis, perca mais 2%, 3% ou 4% do carbono, pois isso vai aumentar muito o efeito estufa”, disse Artaxo, que também é presidente do Comitê Científico do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA/Inpa/MCTIC).
Segundo o cientista, hoje a floresta é neutra do ponto de vista do carbono. Mas se forem diminuídas as emissões haverá possibilidade de voltar a ter a floresta retendo mais carbono do que emite. “É por isto que temos de lutar hoje”, afirmou.
As florestas tropicais são o lugar do mundo em que mais se estoca carbono na Terra. O carbono é o quarto elemento mais abundante na atmosfera e é um dos gases de efeito estufa. De acordo com o pesquisador da USP, Luiz Martinelli, se a floresta faz mais fotossíntese do que ela perde carbono pela respiração, essa floresta tende aumentar sua biomassa.
“É disso que estamos precisando, porque, devido ao grande aporte de carbono e CO2 na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis, o clima da Terra está mudando. Então, é extremamente benéfico para o clima que a Amazônia continue limpando esse excesso de carbono na atmosfera, mesmo que lentamente”, explicou Martinelli.
As pesquisas apoiadas pela Fapesp e realizadas em colaboração com o Inpa serão apresentadas em um Workshop nos mesmos moldes deste de Manaus em Washington, no dia 25 de setembro. A proposta é apresentar para o Banco Mundial e o Fundo Amazônia quais as necessidades de pesquisas que se tem na Amazônia atualmente.
Participaram da mesa de abertura do Workshop o Comandante do 9º Distrito Naval, o Vice-Almirante Carlos Alberto Matias; o pesquisador da USP Paulo Artaxo; o diretor administrativo da Fapesp, Fernando Almeida; o coordenador de Pesquisas do Inpa, Paulo Maurício; o diretor-técnico e científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Décio Reis; o coronel Washington Rocha Triani, do Comando Militar da Amazônia (CMA); e o diretor do Brazil Institute Wilson Center, Paulo Sotero.
[…]
Valor econômico dos serviços ambientais
O Brasil não recebe compensação financeira pelos serviços ambientais que a Amazônia realiza. Só os serviços ambientais produzidos na América do Sul são estimados em 14 trilhões de dólares.
“Não há dúvidas de que, do ponto de vista econômico, o vapor de água que Amazônia processa e se transforma em chuva irrigando as culturas de soja no Mato Grosso, culturas de alimento no Rio Grande do Sul, Goiás e em São Paulo, todo esse serviço ambiental vale trilhões de dólares”, afirmou o pesquisador Paulo Artaxo.
Nas próximas décadas, as previsões são de alterações profundas no planeta que afetarão a economia do mundo, e o Brasil precisa se adaptar para esse novo cenário, segundo os cientistas, com a implementação de políticas públicas, melhorando a sustentabilidade, e implantando outras matrizes energéticas como solar e eólica, para as quais o Brasil tem grande potencial.
“Hoje a mais importante dessas políticas é reduzir a taxa de desmatamento da Amazônia que está em cerca de 8 mil km2 por ano, quando era há três anos de 4,5 mil km2 por ano. Essa taxa está aumentando e precisamos urgentemente reduzir o desmatame

15 de ago. de 2018

AGENTE LARANJA: O TERROR DOS TEMPOS DO VIETNÃ...AGORA NO MATO GROSSO

Reproduzido de
http://amazonia.org.br/2018/08/composto-do-agente-laranja-comeca-a-contaminar-o-mato-grosso/



O herbicida era o principal composto do Agente Laranja – arma química de destruição em massa utilizada pelos EUA na guerra do Vietnã. Cancerígeno, é um desregulador endócrino que afeta a produção de hormônios. É proibido na Dinamarca, Suécia, Noruega, em quatro estados canadenses, várias províncias da África do Sul e em diversos municípios de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, como aponta um parecer técnico – sobre riscos à saúde humana e animal – enviado para o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead) do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em 2014.
Entre os sintomas pelo contato com o agrotóxico estão: perda de apetite, irritação da pele exposta, vômitos, enjoo, dores torácicas e abdominais, irritação do trato gastrointestinal, contração e fraqueza muscular, confusão mental, convulsões e coma. Mesmo assim, variedades de soja e milho transgênicos resistentes ao 2,4-D foram liberados pelo governo em 2015.
Com o financiamento e colaboração do Ministério Público do Trabalho do Mato Grosso, o estudo “Processo sócio-sanitário-ambiental da poluição por agrotóxicos na bacia dos Rios Juruena, Tapajós e Amazonas em Mato Grosso, Brasil” foi publicado em março de 2018. Ele projeta um aumento de no mínimo cinco vezes na pulverização por 2,4-D ao se verificar o uso atual de glisofato.
Além do 2,4-D, está sendo usado na região o inseticida benzoato de emamectina, que combate a lagarta Helicoverpa armigera. O produto tinha sido proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2003, por causa de sua forte ação neurotóxica, mas uma manobra da bancada ruralista criou uma lei para conceder autorização emergencial a determinados produtos em 2013. Quatro dias depois o inseticida estava livre para ser comprado.
Os pesquisadores Luã Kramer de Oliveira, Wanderlei Pignati, Marta Gislene Pignatti, Lucimara Beserra e Luís Henrique da Costa Leão observam que, nesse processo agroquímico dependente, a utilização de agrotóxicos pelas fazendas contamina a lavoura, o ambiente, os trabalhadores rurais e a população do entorno.
Nos três municípios mato-grossenses analisados vivem 61 mil pessoas. Na região há três Terras Indígenas demarcadas: Utiariti, da etnia Paresí; Tirecatinga, da etnia Nambkiwara; e Enawenê-Nawê, da etnia Enaenê-Nawê.
CONCENTRAÇÃO DE TERRAS E AGROTÓXICOS
Os pesquisadores adotaram uma metodologia inovadora ao fazer uma relação direta entre a expansão do agronegócio de larga escala e o uso de agrotóxicos – que costuma ser estudado de forma isolada em relação ao modelo econômico.
O estudo revela que, no estado do Mato Grosso, 6,4% do território estão nas mãos de 76,8 mil propriedades rurais de até 100 hectares. O preocupante é que 78% do estado são ocupados por apenas 8,7 mil propriedades rurais que possuem extensão territorial acima de 1.000 hectares.
Os pesquisadores colocaram uma lupa sobre os municípios analisados e constataram que, em Campo Novo do Parecis, 69 propriedades acima de 2.500 hectares são responsáveis por 74,4% da área do município. As 48 propriedades de Sapezal que possuem mais de 2.500 hectares respondem por 90% da região. Na cidade de Campos de Júlio, 74% das terras estão concentradas em 31 propriedades com mais de 2.500 hectares.
Assim, é possível identificar um nível de agrotóxicos na região que chega a 350 a 600 litros por habitante, sendo que 45% dessa composição é do herbicida glifosato, utilizado nas plantações de soja transgênica.
Em 2014, em Campo Novo de Parecis, foram utilizados 2,13 milhões de litros do herbicida. Na cidade de Sapezal, foram 2,12 milhão de litros. Em Campos de Júlio, são 1,08 milhão de litros pulverizados nas lavouras.
“Essa realidade rural oligárquica no Brasil e no Mato Grosso advém do processo intensificado a partir da década de 1970, com a inserção de maior peso do capital internacional no campo”, contextualizam os pesquisadores. Eles dizem que esse processo vem reproduzindo um modelo não sustentável de desenvolvimento, por meio de uma produção agrícola mecanizada “químico-dependente”. Essa produção – pecuária, extração de madeira e de minério, entre outras formas de exploração da natureza e do trabalho – é voltada para a exportação.
As culturas de solo que prevalecem no Mato Grosso são soja, milho, algodão e cana-de-açúcar. As duas primeiras são predominantes nas cidades estudadas na pesquisa. Dados do IBGE, apresentados no estudo, mostram que, em 2016, o estado utilizou 13,4 milhões de hectares para plantações. Essa quantidade representa 19,2% do total de área plantada no País e dá a dimensão da relevância do estado para o agronegócio.
Por: Igor Carvalho
Fonte: De Olho nos Ruralistas

8 de ago. de 2018

ENERGIA EÓLICA NO NORDESTE DO BRASIL: UM GRANDE NEGÓCIO (NÃO EXATAMENTE PARA TODOS!)




Reproduzido de
https://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/negocios-do-vento-no-nordeste-brasileiro-caso-a-investigar/

A geração de energia elétrica em larga escala, produzida a partir dos ventos, conhecida como energia eólica, tem crescido vertiginosamente no Nordeste brasileiro, o que significa ocupação crescente de grandes áreas para instalação dos aerogeradores, no bioma Caatinga, e em áreas costeiras. Em torno de 80% da capacidade instalada no país concentra-se no Nordeste.
A energia eólica é uma das fontes renováveis que apresenta mais vantagens, e menos riscos ambientais na geração de energia elétrica, desde que esta geração seja descentralizada (geração próxima do local de consumo, em menor escala de potência instalada). Mesmo assim diminui, mas não evita os efeitos colaterais sociais e ambientais provocados. Daí um grande erro de chamar qualquer fonte de energia, inclusive a eólica, a solar, de limpa.
Em todo mundo, o uso dessa fonte na geração de eletricidade tem tido um forte crescimento contribuindo ao necessário e desejável processo da transição da matriz energética mundial. Diminuindo assim, cada vez mais, a participação dos combustíveis fósseis e dos minerais radioativos nas matrizes energéticas nacionais. Questiona-se essencial a opção pela geração concentrada desta fonte energética.
“A energia eólica é uma das fontes renováveis que apresenta mais vantagens, e menos riscos ambientais na geração de energia elétrica, desde que esta geração seja descentralizada. Mesmo assim diminui, mas não evita os efeitos colaterais sociais e ambientais provocados. Daí um grande erro de chamar qualquer fonte de energia, inclusive a eólica, a solar, de limpa”
No Brasil foram criados mecanismos de incentivos à promoção dessa fonte energética, dando prioridade ao modelo de grandes parques eólicos, as usinas, que produzem enormes quantidades de energia elétrica conectadas a rede de transmissão, e depois as redes de distribuição até o consumidor final. Privilegiando um modelo de expansão que provoca inúmeros problemas socioambientais.
Os principais elementos destes mecanismos de incentivo são os contratos de longo prazo estabelecidos através de leilões (PPAs), e o financiamento privilegiado do BNDES. Hoje existem cadeias produtivas da indústria de equipamentos da energia eólica, com fornecedores locais e empresas que se instalaram no Brasil. Constata-se que os principais protagonistas deste “negócio” são o setor financeiro, fundos de pensão, grandes investidores estrangeiros, grandes corporações, se associando a empresários nacionais, em alguns casos. Um negócio de “peixe grande”.
O que tem chamado atenção, e verificado “em campo”, é a atuação das empresas deste tipo de negócio, que tem agravado e causado sérios conflitos, principalmente pelos “modus operandi” de atuação destes empreendedores (sem generalizar).
Os contratos celebrados põem em dúvida os princípios de lisura e transparência da parte dos empreendedores. Posseiros são pressionados a assinarem os contratos e arrendamento sendo proibidos de analisarem o conteúdo de maneira independente, sempre induzidos por funcionários da empresa, acompanhados geralmente de moradores locais que sucumbiram a ofertas destas empresas. Assim, muitos trabalhadores ficam inibidos a procurarem orientações do que é proposto no contrato. Em sua grande maioria, os trabalhadores desconhecem o conteúdo dos contratos, sendo que algumas cláusulas põem em risco a autonomia dos moradores em suas terras, e no direito de uso dos seus territórios tradicionalmente ocupados.
São recorrentes violações graves contra direitosdos posseiros, das populações tradicionais (agricultores familiares, quilombolas, pescadores, marisqueiras), e contra o meio ambiente. O executivo, legislativo, órgãos de fiscalização e de proteção do meio ambiente dos estados nordestinos e municípios, têm sido coniventes e omissos diante do avanço devastador dos “negócios do vento”.
Mais e mais denúncias de ameaças, violência contra posseiros, de contratos “draconianos” de arrendamento de terras, de compromissos não cumprido pelas empresas, recaem sobre estes empreendedores, que atuam nos vários Estados nordestinos, e que tem usado e abusado do poder econômico para iludir e cooptar o poder local, regional, e lideranças comunitárias.
Lamentavelmente, fatos relatados e denunciados pelas populações atingidas não têm recebido eco junto aos órgãos de Estado que deveriam, ao menos, investigar os abusos que estão sendo cometidos.
Esta é mais uma advertência sobre o que acontece com estas grandes obras, que se alastraram nos últimos anos, e estão contribuindo para o desmatamento da Caatinga, de restingas, dos resquícios da Mata Atlântica, da vegetação de brejos de altitude, etc. Além de provocarem o êxodo forçado das populações campesinas, assim alimentando e agravando o processo de urbanização caótica.
E as centrais solares fotovoltaica estão chegando com os mesmos problemas e violações socioambientais causados pelo “negócio dos ventos”.

7 de ago. de 2018

INCÊNDIOS FLORESTAIS E A ENGENHARIA DE SEGURANÇA: INTIMAMENTE RELACIONADOS!


Aos estimados alunos/ex-alunos do curso de ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO.




Mesmo nos momentos de tragédias com os seres humanos, em que as questões ambientais estão envolvidas, o tema PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (módulo sob minha responsabilidade, no curso supracitado, na UNIPÊ, por mais de 10 anos) ganha destaque e, infelizmente, comprova-se que as autoridades governamentais, mesmo as europeias, não 
contemplam como prioridade, esse tão relevante tema para qualquer sociedade no nosso majestoso e (por que não!?) perigoso planeta.

Sendo esse tema, incêndios florestais ("wildfire” em inglês) de maior interesse, atualmente, para europeus, postei no meu blog, em inglês www.ecologyintofocus.blogspot.com, duas reportagens de alcance internacional (do  "The Guardian”, Londres; e do “USGS-United States Geological Survey") sobre esses trágicos episódios ambientais que vêm ocorrendo com frequência quase regular, no continente europeu e na América do Norte, especialmente no sul da Califórnia.

USGS-  WILDLIFE IN SOUTHERN CALIFORNIA. DEALING WITH IT PERMANENTLY! (= INCÊNDIO FLORESTAL NO SUL DA CALIFÓRNIA. LIDANDO COM ELE PERMANENTEMENTE) 
Nesta reportagem o Serviço de Geologia dos Estados Unidos, apresenta um vídeo ilustrando a problemática de tais incêndios, a partir de projeto que contempla o manejo e conservação dos habitats naturais (ecossistemas), analisando tanto os fatores humanos como os naturais. Destaquei uma foto que obtive do vídeo, mostrando as diferentes origens da ignição que vem a se tornar o início da tragédia. 

THE GUARDIAN-  WILDFIRE: THE NEW REALITY (= INCÊNDIO FLORESTAL: A NOVA REALIDADE)
Nesta outra reportagem prevêsse que o "futuro do fogo extremo já chegou". Especialistas afirmam que "os crescentes incêndios não são uma aberração: eles são uma nova realidade".

Tudo isso e mais, um dos incêndios que assolou a região de Pedrógão Grande em Portugal, em 2017, matando mais de 60 pessoas (muitas delas dentro de seus carros), chamou em especial minha atenção para o tema Engenharia de Segurança; em especial visando a questão preventiva, relacionada principalmente à expansão de florestas (alienígenas, ou seja, não naturais). Fotos daquela região mostram que extensos trechos de tais florestas se aproximam por demasiado das bordas das rodovias e por longa extensão dessas rodovias. É preciso entender que em tais regiões sujeitas a incêndios, as rodovias são principalmente, rotas de fuga! Elas devem ter constante manutenção para permitir, a qualquer custo, que possam ser transitadas por veículos em velocidade segura e contínua! Em pontos estratégicos deve haver suporte para prover toda a facilidade possível para ação rápida dos Bombeiros. Esse recuo da cobertura vegetal de grande porte (árvores) com relação às margens das rodovias, é de crucial importância para permitir que as pessoas que vivem nesses locais sujeitos a incêndios, possam ter a oportunidade de fugir!
A situação dos incêndios no sul da Califórnia, também me chamou a atenção com relação às inúmeras construções de casas (algumas são mansões!) nas encostas de morros e elevações, com supostas rotas de fugas estreitas, atravessando florestas! Impossível fugir do fogo! Haverá helicópteros suficientes e rápidos para evacuar todos?
As medidas paliativas, tanto o combate ao fogo, nas bordas das áreas florestais incendiadas, realizado por Bombeiros e voluntários, assim como o despejo de toneladas de águas conduzidas por aviões e helicópteros, quase não surtem nenhum efeito, pois a maioria da água assim despejada, evapora antes de atingir as árvores em fogo (temperatura em torno dos 800 graus Celsius).

É óbvio que tanto a educação ambiental como a vigilância e a fiscalização, contribuem essencialmente para o processo preventivo. Detectar um foco de incêndio no seu verdadeiro início e agir para debelá-lo, é como detectar uma doença grave no seu início (como por exemplo, o câncer!). A vigilância tem que ser por via aérea (se os modernos drones estão servindo para aplicar agrotóxicos, deveriam também servir para vigiar as florestas). E neste caso, no início do incêndio, o combate por via aérea é efetivo!

Alguns dos aspectos aqui mencionados, principalmente os relacionados à vigilância, fiscalização e ações rápidas, são válidas para a prevenção de incêndios nos nossos biomas, como por exemplo o do Cerrado.

5 de ago. de 2018

QUE EXEMPLO, HEIN!? SR. MINISTRO!!!

“A justiça tarda e ...beneficia”! Minha interpretação, que certamente é de pouca ou nenhuma valia.

Reproduzido de
https://www.oeco.org.br/noticias/idade-avancada-livra-padilha-de-acusacao-por-crime-ambiental/



Em 2013, teve início a construção do canal de drenagem no Balneário Dunas Altas, em Palmares do Sul, no litoral do Rio Grande do Sul. Eliseu Padilha é um dos sócios da empresa Girassol Reflorestamento, que construiu o canal em uma área de preservação permanente
Segundo a investigação, a construção era irregular e não licenciada. A apuração teve início no Ministério Público do Rio Grande do Sul e foi enviada para o Ministério Público Federal depois de ficar claro que a área atingida pertence à União.
Segundo a PGR, a pena máxima prevista para o crime é de três anos, o que situa a faixa de prescrição em oito anos. Mas como o acusado tem mais de 70 anos, o tempo para a prescrição cai pela metade.
“(...) considerada a cláusula etária de redução (art. 115 do CP), tendo em vista que o ministro investigado conta com mais de setenta anos, esse prazo resulta em quatro anos, lapso temporal já ultrapassado desde a data dos fatos”, escreveu a procuradora Raquel Dodge.

4 de ago. de 2018

CALÍGULA ATACA A EUROPA

Esse “Calígula” é o calor infernal que se estende do continente europeu à Califórnia, na América do Norte. Essa denominação nos faz lembrar o tirano imperador romano.



Reproduzido de:  http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2018/08/03/145197-mudancas-climaticas-propiciam-incendios-florestais.html

As florestas estão queimando como nunca no hemisfério norte, da Grécia à Califórnia. Apesar de ser um fenômeno recorrente nesta época do ano, a ferocidade do fogo assusta. Os incêndios são resultado de uma conjuntura de fatores, mas o efeito estufa estaria entre os culpados, dizem especialistas. No Brasil, o fator humano e as demandas do mercado são graves ameaças à natureza.
“Hoje o planeta em geral está 1°C mais quente do que há cem anos. Isso é mudança climática”, explica Carlos Nobre, pesquisador-colaborador do Instituto de Estudos Avançados da USP, e senior fellow do World Resources Institute – Brasil. “Isso é causado pela emissão de gases de efeito estufa que nossa sociedade moderna colocou na atmosfera, que por sua vez não conseguiu se livrar do excesso de poluentes”, continua.
Nobre explica que esse 1°C a mais contribui para deixar a atmosfera mais quente e a biomassa mais inflamável. “Quando a temperatura fica mais alta, ela faz com que o solo perca água mais rapidamente. A evaporação do solo aumenta muito. O solo secando, a energia solar passa a ser usada mais para aquecer o ar do que evaporação”, explica. “Ou seja, esse um grau a mais, junto com o solo mais seco e aliado a um período sem chuvas, são fatores que aumentam muito a flamabilidade da biomassa”, diz Nobre.

Calígula

O meteorologista Celso Oliveira, do instituto Somar, de São Paulo, lembra que este período de muito calor entre julho e agosto no hemisfério norte é chamado de “Calígula”, uma homenagem ao tirano e cruel imperador romano. “Este ano o calor está mais forte que o normal. Além das mudanças climáticas, fala-se também de uma mudança na temperatura do oceano Atlântico, intensificando um centro de alta pressão, um sistema que inibe a formação de nuvens de chuva, fazendo com que os dias sejam mais ensolarados e as temperaturas, mais elevadas”, diz Oliveira.
“Para se falar em extremo meteorológico, dificilmente você vai conseguir separar e falar que apenas um fator foi responsável. É uma soma de fatores e talvez o aquecimento global seja um deles”, argumenta o meteorologista.

Brasil

No Brasil, a ação humana, mais do que mudanças climáticas ou fenômenos naturais, influencia queimadas e incêndios na mata. “A floresta amazônica e a Mata Atlântica são biomas que evoluíram durante dezenas de milhões de anos com pouca influência do fogo”, explica Carlos Nobre. “Em uma parte densa da floresta, com dosséis altos e alta densidade de folhas, no máximo 4% dos raios solares chegam à superfície. No entanto, hoje, o uso do fogo na agricultura e a retirada de árvores torna o sistema mais inflamável e vulnerável”, alerta o especialista.
Celso Oliveira lembra também outro fator ligado às queimadas no Brasil: o mercado. “Se o preço das commodities está algo, a pressão sobre a fronteira agrícola faz aumentar as queimadas a fim de impulsionar as plantações, principalmente de soja”.
Fonte: RFI